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Especulação faz preço da arroba bovina cair 18% em MS

Frigoríficos estão pagando menos pela arroba bovina, que passou de R$ 61 para R$ 50 no estado


A arroba do boi gordo abriu a semana sendo negociada a menos de R$ 50,00 em Mato Grosso do Sul e confirmando a vulnerabilidade dos preços às especulações de mercado. Em pouco menos de dois meses, o boi gordo sofreu desvalorização de 18%, com a cotação da arroba caindo de R$ 61,00, em 11 de setembro, para até R$ 50,00, conforme patamar das transações realizadas ontem.

Enquanto as indústrias se mantêm em posição confortável, pois os preços pagos aos produtores, em plena entressafra, seguem em queda no mercado interno, refletindo melhores lucros aos frigoríficos, os produtores fornecedores da matéria-prima para toda a cadeia da carne continuam reféns dos preços estabelecidos pelas indústrias e amargam o achatamento dos ganhos nas vendas dos bovinos.

O analista de mercado pecuário Júlio Brissac estranha a forte queda da arroba em plena entressafra – período em que os preços pagos pela arroba historicamente se mantêm em alta. "A arroba está caindo justamente na véspera do mês de maior consumo [dezembro] e quando há grande demanda por carne no mercado internacional", frisou. Para Brissac, especulações estão desestabilizando o mercado nacional da carne, de forma favorável às indústrias e "o produtor está caindo nessa conversa fiada", ressaltou.

Para Brissac, é preciso que os produtores passem a ter consciência da forma de atuação dos especuladores no mercado e ampliem seus conhecimentos sobre a questão de comercialização do mercado da carne de forma que possam se defender de artimanhas usadas para derrubar os preços no mercado interno. Como exemplo, o analista argumenta que mercado de futuro é especulação e não representa o preço real da arroba no futuro. "O produtor precisa entender isso", completa.

Questionado sobre a conduta adequada a ser adotada pelos produtores diante das sucessivas quedas na cotação da arroba nas últimas semanas, o analista de mercado pecuário aponta que os únicos que podem modificar o mercado são os próprios produtores. "Nenhum elo da cadeia produtiva sobrevive sem a matéria-prima fornecida pelos pecuaristas. Eles é que produzem", afirmou Brissac, sugerindo que os produtores segurem as vendas de bovinos, como forma de influenciar uma alta na arroba por meio da retração na oferta de boi aos frigoríficos.

"Se os produtores parassem agora de vender bois e assim permanecessem por cinco dias, a cotação da arroba recuperaria, em três dias, a queda verificada nas últimas semanas", disse.

Brissac frisou ainda que os produtores precisam saber que um frigorífico exportador tem aproximadamente 70% da produção voltados para o mercado externo e por isso, segundo ele, as indústrias não estão preocupadas com o mercado interno. "Tudo o que as indústrias precisam fazer é comprar bois cada vez mais baratos como forma de aumentar seus lucros", revelou.

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