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Estiagem no Sul do país fez o preço da soja ultrapassar R$ 30

A seca que atingiu especialmente o Sul do País e castigou a lavoura trouxe ao menos uma boa notícia: a subida dos preços


A seca que atingiu especialmente o Sul do País e castigou a lavoura trouxe ao menos uma boa notícia: a subida dos preços da soja e do milho no mercado internacional. No interior do Paraná, a saca de soja que era comercializada a R$ 27,00 em média em fevereiro, chegou ao patamar de R$ 36,50 em algumas regiões esta semana, embora o preço já tenha recuado a R$ 33,00 e R$ 34,00 na sexta-feira. Com tantas oscilações, o conselho das cooperativas é que os produtores rurais promovam vendas escalonadas, para garantir o melhor preço médio.

“Os preços reagiram. O produtor precisa agora acompanhar muito de perto o mercado e buscar um preço médio bom, ao invés de tentar ‘acertar na mosca´ numa única venda”, apontou o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. Ele lembrou que grande parte dos produtores comercializam os grãos nessa época, para cobrir os gastos com o plantio, e aguardam melhores preços no segundo semestre. “O preço em dólar está bom. O ideal é que se faça vendas parceladas.”

Para Turra, além da estiagem no Sul do País - que fez com que a cotação da soja na Bolsa de Chicago passasse de US$ 5 o bushel para US$ 6,5 -, a taxa de câmbio também contribuiu com as exportações. Apesar disso, ele não acredita que na análise global houve ganhos. “Estamos num momento em que os preços estão bons, mas a quantidade também é menor. A quebra acabou neutralizando o ganho de preço.”

Turra alertou ainda que, assim como os preços podem continuar subindo, o contrário também pode ocorrer. “Quem tem soja estocada hoje precisa ter cautela, porque a safra já está praticamente definida. Se for identificado que a quebra da safra não foi tão grande conforme a previsão, pode ser que o preço volte a cair”, avisou. “Já chegamos ao melhor preço em dólar, e o que era para a estiagem afetar, já afetou. Agora, o negócio é quantificar os estragos e depois aguardar a safra americana.”

Cocamar:

Na Cocamar Cooperativa Agroindustrial, a palavra de ordem também é realizar vendas escalonadas. “A mensagem é que o produtor reavalie a sua estratégia. Os preços estavam muito baixos, mas agora o cenário é diferente”, ponderou o superintendente comercial e industrial da Cocamar, Celso Carlos dos Santos Júnior.

Segundo ele, o menor preço que a saca de soja atingiu na Cocamar foi R$ 26,00, no dia 18 de fevereiro. No último dia 16, chegou a ser comercializada a R$ 36,50, mas na sexta-feira já havia reduzido para R$ 33,50. Já o preço da saca de milho saltou de R$ 12,00 no dia 18 de fevereiro para R$ 16,00 no último dia 16, o que devolveu a viabilidade econômica da cultura.

“O aumento aconteceu quando os investidores perceberam o problema das lavouras do Sul. Mas, nestes últimos dois dias, já estão fazendo as correções e o preço caiu um pouco”, explicou. “A subida foi até surpreendente. A gente não esperava estes preços nesta época do ano”, afirmou, acrescentando que o preço atual da soja está acima da média histórica, que é de US$ 10 (aproximadamente R$ 27,00). Em março do ano passado, porém, a saca alcançou o patamar de R$ 52,00.

Para o superintendente da Cocamar, a evolução de preços aguardada apenas para o segundo semestre - quando as cotações sobem até 30% em relação ao primeiro semestre - se antecipou este ano, exigindo um pouco mais de cautela por parte do produtor. “O produtor tem que ponderar, porque o preço pode evoluir para qualquer um dos lados (para cima ou para baixo)”, avisou. “O ideal é não arriscar as vendas na busca do preço máximo, mas vender um pouco todo mês”.

A Cocamar, que planeja receber cerca de 550 mil toneladas de soja este ano, ainda guarda em seus armazéns 70 mil toneladas do total de 540 mil recebidos no ano passado, que não foram vendidas pelos agricultores.

Safra americana:

O que pode mudar o cenário nos próximos dias é a divulgação do primeiro relatório da safra norte-americana, prevista para o dia 29 de março. “A safra americana é o grande formador de preço para o segundo semestre”, lembrou o superintendente da Cocamar. A expectativa é que a área de cultivo de soja nos Estados Unidos caia de 29,5 milhões de hectares no ano passado para 28,5 milhões este ano.

No Brasil, a quebra da safra está estimada em 10 milhões de toneladas por conta da estiagem. No Paraná, a estimativa é de quebra de 16,3% da produção de soja.

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