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Estiagem volta a ser ameaça na safrinha

Fenômeno La Niña está submetendo os produtores de milho safrinha novamente ao drama da estiagem


O fenômeno La Niña está submetendo os produtores de milho safrinha novamente ao drama da estiagem. Três meses depois de enfrentar o problema na produção de milho de verão e de soja, o setor deve ter nova quebra na produção do cereal. Ainda não há estatísticas precisas sobre o impacto da falta de chuva, que já dura um mês em lavouras do Oeste, região mais atingida pelo veranico. Mas o potencial produtivo com certeza já foi afetado, dizem os especialistas.

As perdas – que por enquanto são consideradas pequenas, abaixo de 15% – tendem a se agravar na próxima semana, avalia Ronaldo Vendrame, gerente Departamento Agronômico da C. Vale, cooperativa com sede em Palotina, no Oeste. Ele considera que não há previsão de chuvas expressivas para a região nos próximos dias. As poucas precipitações registradas têm sido irregulares. Na última segunda-feira, por exemplo, Maripá recebeu 37 milímetros e Palotina, a 35 quilômetros, continuou na seca.

A última avaliação do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura (Seab) indica que 6% das lavouras estão ruins e 16%, em situação média. Os demais 78% mostram-se em boas condições. A maior parte das lavouras (62%) segue em desenvolvimento vegetativo, mas um terço já atingiu floração e frutificação, período mais crítico na falta de chuva. Por enquanto, o Deral mantém a previsão de que a safra deve render 6,4 milhões de toneladas – 13% a mais que no ano passado. "A próxima avaliação da produção, prevista para 28 de abril, é que vai mostrar se houve perdas ou não", afirma o agrônomo Otmar Hübner, do Deral.

A Expedição Safra RPC lançou neste ano, pela primeira vez, uma estimativa para o milho safrinha, indicando redução de 2,7% na área plantada, para 1,54 milhão de hectares, e aumento de 18,5% na produção, para 6,75 milhões de toneladas. Com três ou quatro semanas sem chuva, esses números tendem a não se concretizar. Eles dependem de uma produtividade de 4,38 toneladas por hectare, prevista para um clima normal. Os números da safra 2007/08, usados como base de comparação, são do Deral.

A expectativa de aumento na produção, mesmo com uma redução na área cultivada, deve-se ao fato de a safrinha 2008 ter sido abatida pela ocorrência de geada. O gelo que cobriu os campos em 26 e 27 de junho afetou as lavouras ainda em floração e frutificação porque o plantio havia ocorrido tardiamente. O que provocou esse atraso foi a seca do início do plantio de verão, em setembro e outubro de 2007. Se houver nova quebra no safrinha deste ano, a produção de 5,7 milhões de toneladas pode se repetir.

Questão de clima

"Chuvas mais consistentes só devem chegar na última semana de abril. O potencial do milho já foi comprometido", afirma o meteorologista Paulo Etchichury, da Somar Meteorologia. Ele observa que as frentes frias que chegam do Sul ainda estão ganhando intensidade e são insuficientes para reverter o clima seco que encobre a região do Rio Grande do Sul ao Paraná.

Etchichury conta que, a partir de maio, a influência do La Niña será menor. Apesar de ainda não haver sinais concretos, considera provável que as primeiras ocorrências de geada no Paraná sejam registradas entre 1.º e 15 de junho. "Como a maior parte dos produtores seguiram o zoneamento agrometeorológico neste ano, a geada deve ter menos influência que a seca na produção", observa.

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