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Estudo mostra que Brasil pode produzir fertilizantes

Foram identificadas na Bacia do Amazonas novas ocorrências de potássio


Foto: Eliza Maliszewski

Um estudo realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia (MME), avalia o potencial do Brasil para produzir potássio. 

A ideia é que o país se torne menos dependente da importação de insumos. Segundo dados da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama), 55% do fosfato e 96% do potássio são importados. Os dois minerais, juntamente com o nitrogênio, constituem o fertilizante NPK, usado em larga escala pela agricultura nacional. A demanda desses insumos vai aumentar na próxima década, em que a produção de alimentos no Brasil deve ter um incremento de 27%, de acordo com o Ministério da Agricultura. 

As importações de NPK foram recordes no ano passado, totalizando mais de 32,8 milhões de toneladas, assim como as entregas, que somaram 40,5 milhões de toneladas. Em contrapartida, a produção nacional registrou o menor volume em anos, recuando 11% em relação ao produzido em 2019.

O estudo em questão identificou na Bacia do Amazonas novas ocorrências do mineral, ampliando em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio. Os geólogos afirmaram a existência de depósitos em Nova Olinda do Norte, Autazes e Itacoatiara, todos no Amazonas, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas de minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Faro, Nhamundá e Juruti, todos no mesmo Estado. Na região de Autazes, o potássio pode ser encontrado a profundidades entre 650m a 850m, com teor de 30,7% KCl. Em Nova Olinda, a profundidade varia em torno de 980m e até 1200m, com teor médio de 32,59% KCl.

Uma área de 500 mil quilômetros quadrados na Bacia do Amazonas apresenta grande potencialidade para potássio e precisa ser prospectada. A área é semelhante à região de Urais, na Rússia, e de Saskatchewan, no Canadá, maiores exportadores do mundo. A descoberta posiciona a Bacia do Amazonas como área estratégica para abrigar depósito de classe mundial.

Fosfato

Iniciado em 2008, o projeto Fosfato Brasil do SGB-CPRM pesquisou, até agora, 40 áreas e gerou duas mil páginas de informações. Em 2009 havia 458 autorizações de pesquisa pela Agência Nacional de Mineração (ANM) no Brasil. Em uma década de pesquisa para indicação de novos alvos potenciais, o número mais que dobrou: em 2020, 983 autorizações foram concedidas, 46% em autorização de pesquisa e 76% de concessão de lavra para fosfato.

O SGB-CPRM descobriu, em 2009, o Carbonatito Três Estradas, no Rio Grande do Sul. Após investimento da indústria, a jazida de fosfato recentemente obteve a licença prévia aprovada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (Fepam). O projeto Fosfato Três Estradas da Águia Fertilizantes prevê investimentos que superam R? 400 milhões.

De acordo com o presidente do SGB-CPRM, Esteves Colnago, o novo entendimento da ocorrência de fosfato e potássio abre um caminho para melhorar o resultado do setor agrícola na balança comercial, reduz o custo e amplia o acesso aos fertilizantes, beneficiando a agricultura do país. "São considerados estratégicos os bens minerais dos quais o Brasil depende de importação em alto percentual para o suprimento de setores vitais de sua economia. É o caso dos insumos agrícolas", explica.

Alternativa sustentável: rejeitos da mineração

O Serviço Geológico do Brasil também vem pesquisando fontes alternativas, que utilizam o pó de rocha (rochagem) como remineralizador de solos. A utilização do pó de rocha, a partir dos descartes da mineração, é uma excelente alternativa aos produtos remineralizadores químico-industriais.

Além de ser mais barato e abundante, o pó de rocha como remineralizador de solos mostrou-se em muitos casos mais efetivo no aumento de produtividade por hectare, tornando também algumas culturas mais resistentes às pragas. Outro ponto positivo é que o reaproveitamento do resíduo da mineração segue os preceitos da Economia Circular e a busca constante pela sustentabilidade na mineração ("rejeito zero").

Para o diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB-CPRM, Marcio Remédio, os investimentos em exploração mineral são um efeito indutor em todos os campos da atividade econômica, principalmente na descoberta de agrominerais para a diminuição da dependência brasileira de insumos para a agricultura. "Essas ações, por muitas vezes, passam despercebidas pela sociedade civil, mas são de fundamental importância para o crescimento econômico do país e para o bem-estar da sociedade, tendo como resultado final a geração de emprego e renda e a melhoria da qualidade de vida", comemora.
 

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