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Estudo revela crise na cafeicultura mineira


O café, terceiro produto da pauta de exportações de Minas Gerais, está sofrendo com a falta de investimentos e apoio dos governos federal e estadual. As vendas do produto ao exterior cresceram 12% em 2003 em relação ao ano anterior. Passaram de US$ 825,01 milhões para US$ 924,26 milhões. Esses dados constam do "Relatório sobre a cafeicultura mineira", divulgado na última semana, pela Comissão Especial da Cafeicultura Mineira da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG).

Apesar do bom desempenho internacional, os altos custos de produção levam à perda de renda ao produtor. O ano de 2003 foi o quarto ano consecutivo em que os preços do grão no mercado internacional ficaram abaixo dos gastos com a lavoura. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fixou as despesas em R$ 196,00 e no final do ano, a saca de 60 quilos estava sendo comercializada a R$160,00.

O relatório apontou, ainda, que o cultivo do café está presente em 85% dos municípios mineiros (697) com mais de três bilhões de pés plantados em 1,2 milhão de hectares. Desses, 70% das propriedades têm área inferior a 10 hectares. "Isso evidencia que a cultura é praticada por pequenos produtores, situação bem diferente do início do século passado, quando o café era o grande motor da economia nacional", afirma o presidente da Comissão de Café da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), João Roberto Puliti.

Em Minas, a cafeicultura gera cerca de quatro milhões de emprego diretos e indiretos e representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio mineiro. Por ano, são consumidas 22 bilhões de xícaras de café no estado. Isso significa que Minas Gerais consome 7,5% de sua produção. Na última safra, o estado colheu 24,64 milhões de sacas, 52% da produção nacional. "Onde há café, não há miséria. Prova disso, é que a maioria dos municípios produtores do grão estão posicionados nos grupos de médio e alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme detectou o relatório da Comissão", diz.

O descaso com a atividade, conforme Puliti, poderá levar a queda da produção na próxima safra, em relação à safra recorde de 2002. Segundo ele, neste ano devem ser colhidas em torno de 30 milhões de sacas de café em todo o país. "O que se escuta nas andanças pelo campo é que haverá quebra na produção, em relação à safra de 2001/2002, quando foram colhidas 47 milhões de sacas. Isso não só por fatores climáticos, mas pela perda de renda do produtor". Para Puliti, a recuperação dos preços no mercado internacional não será suficiente para amenizar a crise no setor.

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