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Estudos com o silício comprovam controle de nematoides

O silício é absorvido de maneiras diferentes por cada tipo de planta


Foto: Pixabay

O controle de pragas e doenças é uma parte essencial do manejo da produção de café, garantindo que as lavouras produzam mais e com qualidade. Uma das principais pragas cafeeiras no Brasil é a infestação por nematóides do gênero Meloidogyne que afeta mais de 50% das áreas de produção em Minas Gerais, por exemplo.  

Em geral, o controle dessas pragas é feito com o uso de defensivos agrícolas que podem ser prejudiciais para o meio-ambiente. Outra solução é o uso de variedades geneticamente resistentes aos nematóides, mas elas são escassas e limitadas a algumas espécies de cafeeiros.  

O Dr. Fabrício Rodrigues, juntamente com diversos outros pesquisadores, realizou experimentos para avaliar o potencial da nutrição com o silício no manejo integrado de infestações por nematóides Meloidogyne.  

No artigo Biochemical responses of coffee resistance against Meloidogyne exigua mediated by silicon, o Dr. Fabrício e seus colegas inocularam ovos do parasita em dois diferentes cultivares de café C. arabica. As mudas foram tratadas com diferentes fertilizantes, incluindo doses de silício.  

Após 120 dias, os pesquisadores avaliaram parâmetros como a quantidade de ovos presentes nas raízes do café, bem como a penetração dos nematóides no sistema radicular. A conclusão foi de que os pés de café que receberam o tratamento com silício tiveram uma resposta bioquímica mais eficiente contra a infecção.  

As atividades biológicas e metabólicas das plantas também foram avaliadas e os pesquisadores concluíram que os resultados estão associados ao estímulo da produção de enzimas e compostos fenólicos que combatem a infecção.  

Nos pés de café tratados com silício, houve redução da capacidade reprodutiva do nematóide nas raízes, associado ao aumento da produção de lignina e da atividade das enzimas peroxidase de fenóis (POX), polifenoloxidase (PPO) e fenilalanina amonialiase (PAL), especialmente para cultivares suscetíveis à infecção. Entre outras funções no ciclo vital do café, essas enzimas estão ligadas à síntese da lignina, a qualidade da bebida do café e ao metabolismo da amônia, respectivamente. 

Diante dos resultados, o Dr. Fabrício e seus colegas concluem que: “A aplicação de silício é uma prática que idealmente se encaixa em estratégias ecologicamente amigáveis para a produção sustentável de café no Brasil”. 

A importância do silício na redução de custos para a agricultura 

O silício é absorvido de maneiras diferentes por cada tipo de planta. O café faz parte das chamadas espécies dicotiledôneas. Nessas espécies, o acúmulo de silício se concentra nas raízes, tornando-as mais resistentes a pragas como os nematóides.  

No estudo Effects of silicon on the penetration and reproduction events of Meloidogyne exigua  on coffee roots, também do Dr. Fabrício Rodrigues em parceria com outros pesquisadores, mudas de café arábica foram inoculadas com nematóides e verificou-se a redução da severidade da infecção com o uso do silício.  

O silício se torna, então, uma importante ferramenta de combate a essas pragas, além de trazer redução de custos, já que, de acordo com o Dr. Fabrício e seus colegas: 

“O uso de nematicidas tem sido evitado tanto em pequenas quanto em grandes áreas, devido aos altos custos e o risco que eles trazem tanto para o aplicador quanto para o meio-ambiente. Cultivares que são resistentes ao M. exigua ainda são escassos no mercado, e o uso contínuo dos cultivares resistentes disponíveis têm contribuído para que [o parasita] supere a resistência do hospedeiro, porque essa herança genética é específica [desses cultivares].” 

Nas espécies monocotiledôneas, como a soja e o sorgo, existe o deslocamento do silício para as partes aéreas das plantas, como as folhas. Embora os modos de absorção sejam diferentes, os benefícios da nutrição com o silício valem tanto para as dicotiledôneas quanto para as monocotiledôneas.

Com informações da assessoria.

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