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Etapas de produção são abordadas no Seminário do Pró-Milho

O terceiro Seminário do Pró-Milho debateu virtualmente, nesta terça-feira (4), as etapas da produção da cultura


Foto: Eliza Maliszewski

O terceiro Seminário do Pró-Milho debateu virtualmente, nesta terça-feira (4), as etapas da produção da cultura. A promoção é uma parceria entre a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) e a Emater/RS-Ascar. O engenheiro agrônomo da Seapdr, Valdomiro Hass, representando o secretário Covatti Filho, e o diretor técnico da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, deram as boas-vindas aos cerca de 400 participantes, entre produtores rurais e representantes de órgãos públicos, setores produtivo e industrial, instituições de pesquisa e assistência técnica. A transmissão ocorreu simultaneamente pelo YouTube do Rio Grande Rural e pelo Facebook da Emater/RS-Ascar.

 “Fatores que favorecem a ocorrência de micotoxinas em grãos” foi o tema abordado pelo engenheiro agrônomo e professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Lauri Lorenço Radünz. Ele explicou que as micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por alguns gêneros de fungos, tanto de campo como de armazenamento. Segundo o engenheiro agrônomo, muitas dessas micotoxinas causam problemas à saúde, tanto de pessoas como de animais. “Algumas são de conhecido efeito cancerígeno em estudos de laboratório ou em humanos, bem como causadoras de grandes prejuízos nas atividades zootécnicas. Então, a presença dessas micotoxinas pode impedir a comercialização do produto, reduzindo seu valor comercial”.

Radünz falou sobre os principais fatores que contribuem para a ocorrência de micotoxinas em grãos, seja antes ou após a colheita. Eles são divididos em fatores de campo (cultivares, época de semeadura, manejo fitossanitário, época de colheita e regulagem da colhedora) e de armazenamento (pré-limpeza e limpeza dos grãos, condições de secagem, teor de água de armazenamento, sistema de armazenamento, tempo de armazenamento, manejo do sistema de armazenamento, processamento e higienização da unidade armazenadora).

E, conforme o professor, o manejo desses fatores pode contribuir para mitigar a ocorrência das micotoxinas, visando à comercialização de grãos livres dessas substâncias ou, pelo menos, dentro dos padrões de contaminação permitidos pela legislação vigente.

Por sua vez, o especialista em Manejo Integrado de Pragas de grãos e sementes armazenadas, Irineu Lorini, apresentou “Controle de pragas de grãos no armazenamento”. De acordo com o pesquisador aposentado recentemente da Embrapa, as pragas de armazenamento são uma grande preocupação para quem tem a responsabilidade de manter e garantir a qualidade dos produtos, e sem a presença das pragas. “Um inseto-praga em qualquer produto destinado à alimentação trará preocupações e custos associados para o gestor, comprometendo a qualidade, a marca, a empresa e o negócio, com prejuízo às partes”, esclareceu.

Conforme o estudo do engenheiro agrônomo, as perdas por pragas em armazéns, a presença de insetos adultos, larvas e fragmentos em derivados alimentares, a deterioração dos produtos, a possível contaminação com fungos e consequente micotoxinas, os possíveis efeitos na saúde humana e animal, e as dificuldades para comercialização dos produtos, tanto no consumo interno quanto na exportação, são algumas das consequências da infestação de pragas de armazenamento de produtos que podem acontecer para as empresas.

“As perdas físicas dos produtos são significativas, porém as perdas de qualidade são muito maiores. Com a redução destas, haverá maior disponibilidade de alimentos para atender às necessidades das pessoas em todo mundo, garantindo um alimento seguro para a população e a segurança alimentar mundial”, acredita.

E, segundo Lorini, a solução para minimizar esse problema, é o Manejo Integrado de Pragas de produtos armazenados. “Trata-se de um processo que consiste na aplicação de uma série de medidas e métodos, possíveis de serem executados em cada unidade, que devem ser adotados pelos armazenadores, para evitar danos causados por pragas nos produtos e manter a qualidade durante o armazenamento”.

São métodos de controle: preventivo físico com uso de pós inertes (terra de diatomáceas); preventivo químico com uso de inseticidas aplicados nos grãos e sementes; curativo (expurgo) com uso do gás fosfina aplicada nos grãos e sementes.

O último palestrante foi o professor doutor da Faculdade de Agronomia da UFRGS, Rafael Gomes Dionello, que abordou a “Secagem de grãos em baixas e altas temperaturas: qualidade e HPAs”. Primeiramente o professor apresentou a secagem com ar natural, mais voltada para as pequenas propriedades, que é o que a Emater/RS-Ascar trabalha bastante. Dionello mostrou alguns dados de custo dos trabalhos realizados dentro da estação experimental com o mesmo modelo de silo secador que a Emater constrói no Estado, mostrando a viabilidade econômica para esse sistema de secagem.

Em seguida, o tema foi a secagem em altas temperaturas e o problema gerado pela secagem com uso de lenha ou qualquer biomassa. “Essa secagem normalmente no Brasil é feita de forma direta, ou seja, a fumaça entra em contato com o produto dentro do secador, e essa fumaça libera alguns hidrocarbonetos chamados de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs), sendo que um deles já é considerado cancerígeno, e estudos sobre o assunto estão sendo feitos”. Dionello mostrou outros fatores que podem influenciar numa maior ou menor contaminação.

Para finalizar, o professor da Agronomia da UFRGS, enfatizou os manejos que são alternativos para o uso de fornalhas de aquecimento direto. “Um deles é o uso do próprio silo secador para secagem com ar natural e fornalhas que funcionam com trocadores de calor onde a fumaça não entra em contato com o grão durante a secagem, resultando em uma contaminação quase zero, ou bem próxima a zero, dependendo das questões que são utilizadas na secagem de grãos”, concluiu.

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