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Europa compra mais etanol do Brasil para cumprir suas metas

O volume embarcado até abril foi de 2,39 bilhões de litros, ante os 1,9 bilhão do mesmo período de 2006. As exportações estão 23% mais altas


As exportações de álcool brasileiro estão neste ano 23% mais altas que no passado. O volume embarcado entre janeiro e abril foi de 2,39 bilhões de litros, ante os 1,9 bilhão do mesmo período de 2006. Além do acréscimo de vendas aos Estados Unidos - considerando as diretas e as indiretas, via Caribe - o bom desempenho contou com a "ajuda" do trigo, principal matéria-prima do etanol europeu, que desde o começo do ano teve seu preço internacional elevado em torno de 60%. "A alta do cereal está deixando o álcool europeu mais caro e o mercado brasileiro já sente o aquecimento da demanda na Europa", informa o especialista em gerenciamento de risco da FCStone, Mário Silveira.

Nos primeiros oito meses do ano, o Brasil embarcou 457,5 milhões de litros de etanol para a União Européia (UE) - Países Baixos, Suécia e Reino Unido, 70% mais que em todo ano de 2006 (270 milhões de litros). Trata-se de uma janela de oportunidades, segundo Silveira. "Mas não é mercado que se possa contar no longo prazo", alerta o especialista. Mesmo porque, continua, os contratos futuros de trigo anunciam um recuo dos preços do cereal, indicando algum ajuste. Os preços atuais, na casa dos 830 centavos de dólar por bushel, caem para 760 em maio e 620 em julho, sinal de maior equilíbrio entre oferta e demanda, segundo Silveira.

A tendência é que aconteça na UE o mesmo que ocorre com os Estados Unidos: há uma tarifa e se for paga a entrada é aberta, segundo Ângelo Bressan, diretor de Agroenergia do Ministério da Agricultura. A tarifa de importação de etanol na comunidade européia é de 138 euros (cerca de US$ 179) a cada 1 mil litros. O etanol brasileiro no porto sai por cerca de US$ 410 (mil litros), mas com os encargos, chega na UE a US$ 669, segundo estimativa da consultoria Bioagência. "Além do imposto de importação, há os custos com frete (US$ 70), e de armazenagem (US$ 10) do produto", detalha Tarcilo Rodrigues, diretor da consultoria.

Antes do aumento mais forte do trigo, nos últimos meses, o mercado estimava que o etanol europeu custava próximo do valor do produto brasileiro posto na UE. No entanto, a questão principal para os europeus, segundo Bressan, não está somente na alta da matéria-prima, mas na falta dela no mercado. "Se está escasso, eles não vão direcionar para a produção etanol e ficar sem pão", avalia Bressan.

A efetiva abertura para o produto brasileiro ainda é pequena, mas porque o consumo da UE também é reduzido, de cerca de 2 bilhões de litros ao ano, estima o diretor do Mapa. O bloco econômico cumpre metas de substituição do combustível fóssil, pelo de fontes renováveis, tais como etanol e biodiesel. No entanto, essas metas não são obrigatórias, apesar de alguns países já estarem misturando.

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