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Excesso de sal na Lagoa dos Patos (RS) pode atrapalhar plantio

Seca prolongada salgou a Lagoa dos Patos, que irriga 15% da produção de arroz



Seca prolongada salgou a Laguna dos Patos, que irriga 15% da produção gaúcha de arroz. Toda manhã o produtor Celso Abreu admira de sua varanda o nascer do sol na Laguna dos Patos, em São Lourenço do Sul (RS). Enquanto toma café, Abreu olha as águas que banham suas terras com temor. "Será que vai dar para plantar?", se pergunta. O salgamento das águas - que ocorre sempre que há estiagem, quando o nível da laguna é inferior ao do mar - prejudica o cultivo do grão, matando-o em sua germinação e queimando-o no desenvolvimento, provocando quebra de produção. A região sudeste do Rio Grande do Sul, banhada pela laguna, responde por 15% da produção de arroz do estado. Aproximadamente um terço dessa área é diretamente irrigada pelas águas hoje salgadas. Abreu cultiva 200 hectares de arroz, mas seus reservatórios têm água para apenas 20% dessa área. "Se a laguna continuar salgada, vou ter de plantar apenas a superfície que a água doce possa irrigar", diz. O cultivo na região se inicia em outubro, mas já há quem procure terras longe da laguna para plantar. Ontem, Mauro Ely, de São Lourenço do Sul, buscava áreas para arrendar a 250 quilômetros ao sul de sua fazenda, em Santa Vitória do Palmar, município banhado pela Lagoa Mirim, que não sofre influência do mar. "Talvez tenha que deixar para pastagem a área de São Lourenço do Sul e cultivar arroz em outro lugar", diz. Estima-se que desde os anos 50 os níveis de sal na laguna não chegavam aos atuais nesta época do ano - até três gramas por litro, quando o agronomicamente suportável para o arroz é de 0,8 gramas por litro. "O estuário periodicamente salga", explica Fernando D’Incao, chefe do Departamento Oceanográfico da Fundação Universidade de Rio Grande (Furg). Mas o fenômeno geralmente ocorre no verão. O produtor Romeu Levien, conta que entre 1957 e 1961, as águas ficaram salgadas e foi preciso procurar terras longe da laguna para plantar. No entanto, neste ano, desde fevereiro as águas estão salgadas porque o estado passou por uma estiagem de quatro meses, interrompida em abril e maio e que se pronuncia continuar. Desde junho as precipitações na região estão abaixo do normal. "O problema é que todo ano passado foi seco e em 2005 o quadro tem persistido", diz Solimar Preztes, coordenador do 8º Distrito de Meteorologia. Além do salgamento da laguna, o preço do arroz também é motivo para redução de área no estado. Ontem, o grão era cotado a R$ 17 a saca (50 quilos). Para estancar a queda de preço (32% desde março), serão feitas Aquisições do Governo Federal (AGF), no total de R$ 20 milhões para o Sul do País. Se o sal é ruim para o arroz, é bom para o camarão. Sempre que a laguna salga, mais crustáceo do oceano se desenvolvem no estuário e, com isso, a safra de camarão é grande. Em 2000, quando a laguna salgou no verão, a produtividade chegou a cinco toneladas por hectare. A pesca deste ano, em fevereiro, rendeu 2 toneladas por hectare.

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