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Excesso na produção de milho faz preço cair e inibe a exportação


Poderia ser motivo de comemoração, não fosse a reação negativa do mercado. O crescimento da área plantada de milho safrinha neste ano, impressiona pela produtividade, e esse excesso de safra está pressionando a cotação e registrando um volume baixo na comercialização. A taxa de câmbio também promete manter os preços reduzidos, o que inviabiliza as vendas externas e torna a exportação pouco atraente.

Mesmo com números que estão desestabilizando o mercado, a projeção para a próxima safra é atingir uma produção de 1,8 milhão de toneladas, 16% superior a produção de 1,5 milhão do atual ano agrícola.

Com isso o ciclo vicioso se consolida uma excessiva oferta de milho, excedente com baixa cotação, câmbio em redução, pouca exportação, excesso de oferta no mercado interno, falta de armazéns para o estocagem do grão que leva o produtor a colocar o produto no mercado, causando o aumento da oferta e a derrubada dos preços, um cenário completamente diferente daquele registrado no segundo semestre de 2002, que elevou a cotação da saca do milho para R$ 22.

Para entrega na segunda quinzena de junho, os contratos de opção do grão foram fixados em R$ 15,90, e o mercado atual não paga mais que R$ 10 pela saca de 60 quilos. O produtor que aproveitou a oferta do governo federal vai receber na segunda quinzena deste mês pelo contrato de opção R$ 16,90.

A ressaca do mercado pode ser entendida por meio dos números, de julho do ano passado até pouco tempo, o milho veio registrando valores ascendentes na sua cotação, impulsionado pela escassez do produto, quando chegou a atingir pico de R$ 22 a saca de 60 quilos. “Se comparamos os preços atuais, aos adotados pelo mercado há pelo menos seis meses, a valorização da matéria-prima, foi de 150%”, contabiliza o diretor-secretário da Intercoop, Valdomir Ottonelli.

Durante o período de falta de milho, a cerca de três meses, uma cooperativa de Pernambuco entrou na justiça para ter direito a importar da Argentina grãos transgênicos, para burlar a alta da saca.

Ottonelli ressalta, que na suinocultura somente a aquisição de milho para ração é responsável por 35% dos custo final da atividade.

“Caso a redução no valor de cotação chegue próximo de 40%, vamos estar contabilizando na suinocultura uma redução de cerca de 15% nos custos totais”, aponta Ottonelli.

Mas o diretor ressalta que o preço do insumo não interferirá no valor do produto final, a carne. Segundo ele, desde dezembro do ano passado, a carne suína acumula retração no valor de comercialização de cerca de 15%. “Tivemos um acréscimo no preço do milho de quase 150% e ainda contabilizamos uma redução de 15% no valor da carne”.

Além do aumento de área plantada, também sob a influência do incremento na produção estadual de soja, a safrinha de milho contou com condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento, o que culminou em um ganho de produtividade de cerca de 15%, se comparado ao mesmo período da safra passada. Na atual colheita, a média passou de 2,7 mil quilos por hectare plantado, para pouco mais de 3,1 mil quilos. Com relação à área de cultivo, o incremento foi de 3,5%, saindo de 558 mil hectares para 578 mil hectares.

A lei de oferta e procura se fortalece no Estado quando o foco é a comercialização de grãos devido a falta de armazéns credenciados para a estocagem dos produtos agrícolas. Somente com relação aos armazéns credenciados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o déficit de estocagem gira em torno de 300 mil toneladas.

“Com esta realidade muitos produtores, ou vendedoras, injetam no mercado uma quantidade significativa de mercadoria, que por falta de armazenagem acaba regulando o mercado para baixo”, observa a analista de mercado Silmara Gallo, da Lucra Corretora, em Cuiabá.

Outro analista de mercado, Geraldo Ornellas, da Lucra Corretora, observa também que levando em consideração a produção, consumo interno e exportações, ainda haverá sobras da safrinha para ser absorvida no mercado interno, o que poderá manter a cotação estável, compatível a preços atuais.

“Até o final deste mês a cotação estará sujeita a muita pressão, devido a oferta de grãos no mercado”.

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