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Expedição discute crescimento sustentável da cadeia do milho

Projeto inédito, lançado nesta segunda-feira (22) em Cuiabá vai percorrer principais estados produtores


A produção de milho hoje é a segunda maior no Brasil, que em volume fica atrás apenas da soja. Durante o pleno desenvolvimento da segunda safra do cereal no país, será realizado um levantamento técnico-jornalístico específico, através da Expedição Milho Brasil. O projeto, lançado nesta segunda-feira (22), em Cuiabá (MT), vai a campo discutir as variáveis da cadeia produtiva, que vão impactar de forma decisiva o mercado interno e a exportação. Em volume de produção, a safrinha, como é conhecida já supera a safra principal, de verão.

Para a temporada atual, segundo dados da Expedição Safra Gazeta do Povo, o Brasil vai colher 73,6 milhões toneladas. Mais da metade de desse total, ou 37,3 milhões toneladas, serão na segunda safra. Segundo uma nova estimativa realizada com produtores do Mato Grosso por um dos parceiros do projeto, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a média de produtividade no estado será de 88 sacas/hectare– oito sacas a mais que a projeção anterior, um aumento de 10%. Porém, a estimativa representa 16 sacas por hectare a menos em relação à produção de 2012 – considerada histórica em todo o Centro-Oeste. Com isso, a previsão é que essa safra seja 6% menor que a de 2011/2012. A região é a que apresenta expectativa de maior produtividade para 2013, com 91 sacas por hectare, ainda segundo o instituto. O Mato Grosso é o maior produtor de milho de 2ª safra.

Mesmo assim, a expectativa dessa safra lança um desafio ao Brasil, tema que também vai pautar as discussões do Milho Brasil, que é manter o desempenho nas exportações do cereal, segundo Giovani Ferreira, do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Milho Brasil. Em 2012, o foram exportadas cerca de 20 milhões de toneladas do grão, mais que o dobro do que foi embarcado em 2011. O desempenho foi conquistado devido à quebra da safra dos Estados Unidos e da Argentina, que rendeu ao Brasil o status de maior exportador de milho do mundo na última temporada. Ferreira destaca que, no entanto, a produção dos EUA está em processo de recuperação. “Com isso, para 2013 o desafio é não só manter o nível de exportação do ano anterior, como consolidar o país como exportador do grão”, disse.

Além disso, as expectativas na colheita de milho no principal estado produtor do Brasil trazem preocupações ao setor, que vê os preços do produto despencando no mercado interno e as margens de lucro sendo pressionadas pela logística de Mato Grosso. “Plantamos milho mais pelo prazer em produzir do que pelos resultados”, diz o agricultor Ney Utida, de Campo Novo do Parecis, que fica no Oeste mato-grossense. Neste ano, ele ampliou em 100% o cultivo do cereal, que ocupa 4,8 mil hectares – 80% da área destinada à soja no verão. Com a perspectiva de produção maior, os preços do grão recuaram para R$ 12 por saca. “Não paga nem o fertilizante, muito menos o deslocamento do produto para o Nordeste [principal região consumidora]”, acrescenta Utida.
Como apenas 20% da produção esperada foram vendidos, o Imea e a Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato) se mostram preocupados. As duas entidades esperam que o governo federal faça intervenções moderadas no mercado de milho. “Precisamos do governo, mas não pode faltar produto para suprir o mercado local”, alerta Otávio Celidonio, superintendente do Imea. Ele defende que, por este e outros fatores, como a capacidade de armazenagem dos grãos, é muito importante a discutição da cadeia produtiva neste momento. “Acreditamos que será necessário trabalhar um programa especial de armazenamento e escoamento para esta safra. O milho é fundamental para a sustentabilidade do produtor, que tem uma boa liquidez. Por isso é preciso buscar informações para aperfeiçoar o cultivo”, destacou.

Ainda de acordo com Celidonio, o Brasil tem um enorme potencial a ser explorado, existe uma vasta área onde o milho pode ser cultivado, existem tecnologias que aumentam ainda mais esse potencial, como é o caso dos grãos desenvolvidos para o clima brasileiro. “Por isso, agora vamos a campo com a Expedição debater como desenvolver o mercado interno e externo para toda essa produção, para saber se essa produtividade pode ser ainda maior”, disse o superintendente.

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