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Exportações do campo caíram 1,4% em setembro

Em muitos produtos, setembro foi o pior mês de 2007 em embarques, provocando revisão para os números do ano, como no algodão


A greve dos fiscais agropecuários afetou as exportações do campo. No mês passado, as vendas externas do setor caíram 1,4% em receita, segundo levantamento preliminar da Tendências Consultoria, a partir da média diária. Em muitos produtos, setembro foi o pior mês de 2007 em embarques, provocando revisão para os números do ano, como no algodão.

Desde junho que os funcionários faziam paralisações, chegando a ficar quase um mês em greve entre 28 de agosto e 25 de setembro. O maior período de braços cruzados - apenas 30% dos serviços eram realizados - provocou queda nos embarques do agronegócio. O economista Bruno Rezende explica, no entanto, que quando comparado com 2006, setembro teve receita 14,3% maior e, no acumulado do ano, as exportações estão 18% superiores. "Não há como saber o que foi perdido", diz Amaryllis Romano, economista da mesma consultoria.

Entre os grandes prejudicados está a carne suína, que havia registrado em agosto o melhor mês do ano, com embarques de 64,9 mil toneladas - influenciada pela doença da orelha azul na China. No mês passado, foram 48,3 mil toneladas, redução de 25%. "A greve atrapalhou, mas a gente ainda acredita que vamos recuperar essa perda", afirma Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Quando comparadas com 2006, as exportações estão 7,2% menores mas, no acumulado do ano foram de 439,7 mil toneladas, aumento de 18,5%.

"Só a greve explica a retração de setembro", afirma José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP. Segundo ele, os suínos, assim como as demais proteínas animais, vivem um bom momento no mercado internacional, com alta nos preços.

Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, diz que as carnes tiveram um dos piores meses do ano. O embarque de bovinos caiu 10,8% na comparação com agosto, atingindo 189 mil toneladas. No frango, a redução foi de 21,24%, somando 240 mil toneladas. "Neste caso, só perderam para fevereiro, que tem 28 dias", acrescenta.

Não só as carnes foram prejudicadas, de acordo com levantamento da Safras & Mercado em setembro havia contratos para a exportação de 1,9 milhão de toneladas de milho. No entanto, a estimativa preliminar é que tenham sido enviadas ao exterior apenas 1,36 milhão de toneladas, quase 30% a menos que o esperado.

A greve fez a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) rever as projeções de vendas ao exterior de 450 mil toneladas da fibra no ano para 410 mil toneladas - menos que as 430 mil toneladas de 2006. "Além de não receber o valor equivalente à exportação, o produtor terá o custo adicional de estocar a mercadoria", diz Sérgio Mendes, diretor da Anec. Ele acrescenta também o efeito negativo da quebra de contrato para a imagem da produção brasileira. Mendes dia que não há chances de se atingir as 450 mil toneladas, pois o limite é de embarque de 71 toneladas por mês e este número pode ser reduzido caso seja cumprida a negociação de os fiscais não trabalharem no sábado. "Dois dias por semana sem fiscalização vai resultar em muita lentidão", reclama.

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