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Falência da Olvepar é a maior da história de Mato Grosso



Grupo Maggi arrenda e opera normalmente as unidades de soja que a Olvepar mantinha em Mato Grosso.

A falência da Olvepar Indústria e Comércio, decretada na última segunda-feira pelo juiz José Gerado Palmeira, da Vara Especializada de Falência, Concordata e Carta Precatória, é considerada a maior da economia de Mato Grosso. A Olvepar deixou de honrar dívidas avaliadas hoje em R$ 300 milhões.

Com a decretação da falência da Olvepar, os bens da empresa em Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina serão avaliados e colocados à venda em leilão pela justiça.

Com o dinheiro da venda, a massa falida administrará o pagamento aos credores. Quando a concordata foi decretada, em junho de 2000, a dívida da Olvepar estava avaliada em R$ 225,2 milhões, com 3.200 credores. Por lei, serão pagos inicialmente os débitos trabalhistas, depois os impostos e, finalmente, os credores quirografários (sem garantia).

A falência da empresa foi decretada pelo fato da Olvepar não ter honrado o compromisso da concordata preventiva que estabelecia o pagamento de 75% do seu débito, mais juros de 12% ao ano e correção monetária, num prazo de 12 meses. Pela Lei de Falências, a falência poderia ser decretada desde junho do ano passado, já que a Olvepar não efetuou nenhum pagamento aos credores.

“O juiz deu todo o tempo do mundo para que a Olvepar honrasse seu compromisso com a concordata, como não o fizeram, não havia outra alternativa além de decretar a falência”, disse ontem Vanilso de Rossi, síndico da massa falida e maior credor quirografário da empresa falida. “Como havia a perspectiva da empresa ser comprada, nós esperamos”, concluiu Rossi.

Em Mato Grosso, a Olvepar possui uma fábrica esmagadora de soja e nove armazéns no interior do estado. Estes bens foram arrendados em fevereiro do ano passado pela Amaggi Sementes Ltda, empresa do Grupo Maggi. Os bens nos estados do Paraná e Santa Catarina, nove armazéns e duas fábricas, foram arrendados pela empresa Rodosafra Logística e Transportes Ltda.

Os arrendamentos foram feitos com a autorização da justiça, após consulta ao Ministério Público e aos credores da massa falida. Pelo acordo, a Amaggi fica responsável pelo arrendamento por sete anos dos negócios da Olvepar em Mato Grosso. Pelo contrato de arrendamento, a Amaggi deposita em uma conta bancária judicial US$ 1,53 milhão de dólares anualmente para saldar os débitos da Olvepar com os credores.

“O arrendamento para o Grupo Maggi foi muito bom para os credores, pois eles garantem a conservação do patrimônio e a viabilidade do negócio”, afirmou Vanilso de Rossi.

O Grupo Maggi não comprou os negócios da Olvepar em Mato Grosso por considerar o valor pedido pelos controladores da empresa ser superior aos bens da empresa. A Olvepar é controlada pelas famílias Consoli e Cristani, ambas do Paraná.

Pela decisão do juiz, o contrato de arrendamento da Amaggi Sementes será mantido mesmo com a decretação da falência da Olvepar. “O Grupo Maggi continuará tocando os negócios nos armazéns e na fábrica de soja em Cuiabá, normalmente”, disse o advogado da massa falida, J. Célio Garcia. “Inclusive, com a continuação dos pagamentos do arrendamento, que serão geridos pela massa falida”, disse Garcia.

Na tarde de ontem, foi lacrado e feita a arrecadação dos bens do escritório que a Olvepar mantém em Mato Grosso, no bairro Boa Esperança.

À decretação de falência da Olvepar ainda cabe recurso na justiça. Os controladores da empresa ainda podem recorrer ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Procurados pelo reportagem os advogados da empresa não quiseram se pronunciar.

MAGGI - O Grupo Maggi, que arrendou os bens da Olvepar em Mato Grosso, também não quis se pronunciar sobre a decretação da falência. Apenas informou que continua operando normalmente a esmagadora de soja, localizada no Distrito Industrial de Cuiabá, com capacidade para esmagar 1.800 toneladas de soja por dia e empregando 94 pessoas.

Também funcionam normalmente os nove armazéns localizados nos municípios de Diamantino (2), Nova Mutum (2), Lucas do Rio Verde, Tapurah, Sorriso, Primavera do Leste e Itiquira. A capacidade de armazenamento é de 450 mil toneladas e empregam cerca de 120 pessoas.

O Grupo Maggi, com sede em Rondonópolis, atua no ramo de soja, algodão, transporte fluvial, produção de semente e geração de energia. O grupo espera faturar este ano US$ 500 milhões. O principal nome do grupo é o empresário Blairo Maggi, que se afastou do dia-a-dia das empresas para se candidatar ao governo de Mato Grosso nas eleições de outubro.

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