Farinha de trigo contaminada com dejetos de ratos e insetos é interceptada
Farinha de trigo, que tinha como destino indústrias e panificadoras no estado do Paraná, poderia potencialmente resultar em um milhão de pessoas doentes caso consumida

Uma ação de rotina de fiscalização no Porto Seco Multilog, em Foz do Iguaçu, Paraná, resultou na interceptação: uma carga de 52 mil quilos de farinha de trigo importada da Argentina estava contaminada com dejetos de ratos e insetos.
De acordo com os dados da Anffa Sindical, além da umidade que já tornava a mercadoria imprópria para consumo, a carga examinada revelou-se uma ameaça à saúde pública devido à presença significativa de insetos e vestígios de roedores misturados ao produto. Esta farinha de trigo, que tinha como destino indústrias e panificadoras no estado do Paraná, poderia potencialmente resultar em um milhão de pessoas doentes caso consumida, segundo alertou Marcelo Tursi, auditor fiscal federal agropecuário.
A análise criteriosa dos bags, embalagens flexíveis que armazenavam o produto, revelou a extensão do problema. "Essa vistoria é feita em 100% das cargas importadas e exportadas que entram com produtos agropecuários no pátio do porto todos os dias", explicou Tursi. "A prevenção deste tipo de situação só é possível graças ao trabalho intensivo de fiscalização diária dos profissionais."
Os riscos à saúde são graves, ressaltou Tursi, enfatizando que excrementos de ratos podem causar doenças como a leptospirose, com consequências que vão desde hemorragias até mesmo à morte. Após a apreensão, a carga será devolvida à Argentina, e o exportador terá a opção de destruí-la. "O trabalho de inspeção e fiscalização feito aqui é tão criterioso que, se em uma análise for encontrado um pelo de rato, mesmo em pequena quantidade, misturado ao produto, toda a mercadoria fica desclassificada para consumo", acrescentou Tursi.
Enquanto a ação dos auditores fiscais federais agropecuários e dos técnicos de inspeção é crucial para garantir a segurança alimentar da população brasileira, eles enfrentam desafios, incluindo falta de reconhecimento e condições de trabalho inadequadas. A mobilização nacional destes profissionais desde janeiro visa reivindicar melhores condições e reestruturação da carreira, destacou a Delegacia Sindical dos Affas no Paraná.