Fechamento de frigorífico provoca crise no setor agropecuário em MG
As propostas dos credores pecuaristas se baseiam no fato de que os valores devidos aos pecuaristas, no total de R$ 194 milhões, representam apenas 5,6% do montante total da dívida do frigorífico
A situação é crítica para comercialização de gado de abate - esta foi a afirmação do presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, Ricardo Quadros Laughton, em entrevista à reportagem de O Norte.
- Esperamos que o fechamento do frigorífico Independência seja temporário, pois trata-se da melhor planta frigorífica do estado de Minas Gerais, habilitada a exportar para o exigente mercado europeu, que era o destino de grande parte de gado da região rastreado pela SISBOV. Temos informações do interesse de três grandes grupos que atuam na área em reabrir o frigorífico - disse.
Segundo o presidente, a maioria do gado gordo da região localiza-se em um raio de pouco mais de 100 km de distância da unidade de Janaúba.
- Hoje, estamos enviando o gado para abate, com distâncias médias superiores a 1.000 km, ocasionando prejuízos inestimáveis pelo brutal aumento do valor de frete, assim como lesões, hematomas, contusões, provocando grande limpeza de carcaça e consequentemente diminuindo o peso do gado - afirma.
Conforme Laugthon, o sindicato tem feito um intenso trabalho visando à reabertura do frigorífico, cuja planta pertence à massa falida do frigorífico Kaiowa e que foi definitivamente devolvida pelo Independência, que deverá ser assumido por outro grupo.
- Ainda esta semana, mantivemos contato com o secretário de estado de Agricultura, Gilman Viana, solicitando, mais uma vez, empenho do governo de Minas para que continue trabalhando neste assunto. Os pecuaristas que esperavam o pagamento da dívida, que gira em torno R$ 30 milhões, estão à mercê da falência. Só no Norte de Minas, cerca de 350 esperam ser ressarcidos, num total de R$ 18 milhões. Eles têm comercializado seus animais com frigoríficos localizados em Araguari, Ituiutaba e Belo Horizonte, além do mercado regional - diz.
As propostas dos credores pecuaristas se baseiam no fato de que os valores devidos aos pecuaristas, no total de R$ 194 milhões, representam apenas 5,6% do montante total da dívida do frigorífico Independência.
- Cabe lembrar, ainda, que os pecuaristas são agentes econômicos chave no processo de viabilização do plano de recuperação da empresa - afirma.
O presidente diz ainda que o Norte de Minas está em uma fase excepcional no que diz respeito à pecuária de corte, produzindo gado de excelente qualidade e nada ficando a dever às melhores regiões do país.
- Enfrentamos atualmente este gargalo com relação à comercialização que esperamos que seja breve. Passamos também atualmente por um longo período de estiagem com consequências muito graves para a região - conclui.