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Ferrugem causa prejuízo de US$ 7,7 bilhões

O valor foi calculado a partir das quebras de produção e do aumento dos custos


O Brasil perdeu US$ 7,7 bilhões com a ocorrência da ferrugem asiática na soja em cinco safras - valor calculado a partir das quebras de produção e do aumento dos custos para combater a doença - , o equivalente à receita com a exportação do produto no acumulado de nove meses em 2006. Com os prejuízos, os agricultores passaram a estabelecer (e cumprir) um "vazio sanitário" em parte das regiões produtoras do País e investir no plantio precoce do grão.

Estima-se que mais de 60% das sementes comercializadas de soja neste ano sejam para a colheita em 100 dias - quando o normal é 120 dias. Na safra passada, o índice foi de 40%. Além do aumento do consumo de sementes da variedade precoce, os produtores também anteciparam o plantio. Entre 45% a 50% da área já tenha sido cultivada, acima da média histórica de cinco anos, que é entre sete e 13 pontos percentuais abaixo.

O resultado é que, apesar de as estimativas dos meteorologistas serem de uma temporada mais chuvosa - em decorrência do El Niño - até o momento não foram detectados focos da doença, segundo o levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em novembro do ano passado já existiam 19 focos no País.

"O plantio mais cedo, principalmente no Centro-Oeste, tende a minimizar os problemas de infestação da ferrugem asiática nesta safra", diz Anderson Galvão Gomes, da consultoria Céleres. É justamente nesta região que a ocorrência da doença foi maior nos últimos anos e que, agora, se verifica a antecipação mais acentuada do plantio. Entre 55% e 65% da superfície foi cultivada, índice até sete pontos percentuais superior ao registrado no mesmo período do ano passado, segundo as principais consultorias do setor.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Iwao Miamoto, cerca de 15% da produção é perdida para o pagamento das aplicações de fungicidas no combate à doença. "Por isso, precisamos de pesquisas para a obtenção de uma variedade resistente ao fungo", diz. A pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja, acredita que neste ano o País poderá perder menos com a doença neste ano em virtude do "vazio sanitário" - período de até 90 dias após a colheita em que o grão não pode ser cultivado. Os estados do Centro-Oeste já estabelecerem o vazio em seus calendários agrícolas, entre julho e setembro, e nos próximos 15 dias o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento deve publicar uma instrução normativa recomendando a inclusão nos demais estados.

Flávio França Júnior, analista da Safras & Mercado, acredita que, além da ferrugem asiática, os preços do milho estimularam o plantio da soja precoce para que houvesse tempo do cultivo da safrinha.

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