CI

Fertilizantes: dicas de manejo nutricional em momentos difíceis

Confira dicas de gestão de nutrientes e amostragem do solo


Quando o dinheiro está apertado, como o que ocorre agora para os produtores americanos, a primeira coisa a examinar é a conta de fertilizantes.

Alguns podem dizer que essa é uma visão de curto prazo, mas não é o que pensa o americano Dave Mengel. O agrônomo, especialista em fertilidade do solo e, agora, professor emérito da Kansas State University afirma que no ambiente atual, em que os retornos da lavoura mal cobrem as despesas, “frugal” e “fertilizador” são duas palavras que podem ser usadas juntas.

“Se você está fazendo e refazendo contas – o que, claro, está mesmo –, precisa saber como estão os nutrientes do solo”, diz. “Se está em um bom programa de fertilidade há alguns anos, esta pode ser a hora de ver o saldo positivo”.

Há duas abordagens principais a recomendações de fertilizantes, Mengel continua, e entendê-las pode ajudar em suas decisões. Uma é o sistema de suficiência de nutrientes, e a outra é o sistema de construção e manutenção. Alguns serviços de Extensão estaduais, como no Kansas, usam as duas. Outros, como o Missouri, recomendam apenas o sistema de construção e manutenção. Mengel acha que há hora e lugar para ambas.

Suficiência de nutrientes

“Este é o sistema tradicional, no qual muitos programas de fertilidade agrícola começam”, afirma Mengel. “Ele estima a quantidade de fósforo (P) e potássio (K), por exemplo, necessária naquele ano em particular e a quantia para que aquela lavoura atinja retornos econômicos máximos com base nos níveis vigentes de teste de solo, mas não considera o futuro ou o acúmulo de reservas de nutrientes até níveis críticos”.

Em níveis altos de teste de solo, as taxas de fertilizante são muito baixas ou zero, já que o solo pode fornecer os nutrientes necessários, ele diz. Já em níveis baixos, essas taxas são altas, pois o suprimento do solo é inadequado para atender às necessidades da lavoura. No longo prazo, as taxas se equilibram no nível de remoção da lavoura.

“Com o tempo, a suficiência de nutrientes obtém cerca de 95% de rendimento máximo, o que normalmente é o rendimento econômico ideal”, explica Mengel.

Construção e manutenção

O sistema de construção e manutenção fertiliza com base nos testes reais de solo, focando em levá-los a níveis críticos ou de limiar para que o solo possa fornecer todos os nutrientes de que as lavouras precisam. “Com esta abordagem, você está investindo nos benefícios de longo prazo para a terra e também obtendo a flexibilidade de não fertilizar todo ano”, diz.

Como este sistema tende a acrescentar nutrientes a altos testes de solo para manter os níveis, também tende a produzir rendimentos um pouco melhores – mais próximos do máximo de 100%. Quando o sistema de construção e manutenção leva os testes acima dos níveis críticos, os custos anuais dos dois sistemas costumam ser parecidos. Com ele, isso acrescenta a flexibilidade de que a fertilização pode não ser necessária todo ano.

Mengel usa sua própria fazenda no Kansas como um exemplo de estratégia de construção e manutenção. Ele demorou 10 anos e um investimento geral de cerca de US$ 100 por acre para obter níveis de fósforo acima dos críticos. Agora, o custo é praticamente o mesmo do sistema de suficiência de nutrientes e ele pode concentrar as aplicações de P em lavouras como tribo e milho, que são mais responsivas.

Os arrendatários, diz, tendem a gostar mais da abordagem de suficiência de nutrientes do que do de construção e manutenção, especialmente se estão em arrendamento de curto prazo, porque o sistema de suficiência investe no agora, não no futuro.

“Se você tem apenas um aluguel de curto prazo, pode não colher os benefícios do longo prazo”, explica Mengel. “Digo aos fazendeiros que se eles estão em um bom programa de construção e manutenção da fertilidade, podem querer voltar à suficiência de nutrientes agora e fertilizar para o que esta lavoura precisa”, afirma. “Dá para fazer isso por um ano ou dois e enfrentar estes tempos difíceis. “Nem todos concordam comigo, mas acho que é uma opção viável”, conclui.

Evitar nitratos na água

Então a gestão melhor de fertilizante de nitrogênio (N) pode cortar drasticamente o escoamento de nitrato em cursos d’água? Mais ou menos. Quando se trata de evitar a perda de nitrato na água, no entanto, há maneiras melhores, afirma Michael Castellano, agrônomo da Iowa State University. Isso acontece porque a mineralização de N da matéria orgânica do solo contribui mais para nitrato nos corpos d’água do que o N aplicado em lavouras.

“Perdemos nitrogênio quando o solo está quente e úmido e quando as lavouras não usam grandes quantidades de nutrientes”, explica Castellano. “Micróbios transformam o nitrogênio orgânico em nitrato, que é lixiviável”.

Um método melhor para remover nitratos é o de lavouras de cobertura, ele acrescenta. É certo que formar uma planta de controle de nitrogênio – como complementar aplicações de N no outono e no pré-plantio com um percurso de adubação de cobertura – ajuda a evitar o escoamento de nitrato, além de fazer sentido agronomicamente. Ainda assim, ajustar as estratégias de aplicação de N é um fator pequeno quando se trata de resolver problemas de qualidade de água em estados como Iowa.

4 dicas de amostragem de solo

Dave Mengel dá quatro dicas para melhorar a precisão de suas amostras de fertilidade de solo.

1 – Amostra

Ao amostrar o solo, mova as grades a cada ano. “Você não consegue uma distribuição perfeita de fertilizante”, diz. “Partículas de fertilizante podem se segregar no caminhão e, quando os motoristas entram no campo, tendem a fazer o mesmo percurso. Se você mudar os padrões de amostragem, terá resultados mais precisos ao longo do tempo”.

2 – Profundidade

A melhor profundidade de amostragem varia de acordo com o que está sendo testado. Se seu campo está em plantio direto contínuo e você está testando apenas o pH, uma profundidade de 7,5 a 10 cm é suficiente. Para fósforo e potássio, 15 a 20 cm são suficientes. Já para nitrogênio e enxofre, obtenha amostras de até 61 cm, afirma Mengel.

3 – Solo

Ao remover partes do solo para serem submetidas como amostra composta, quanto mais, melhor. A variabilidade de fertilidade dentro de um trecho do campo ou zona de controle pode ser alta. Em um estudo, conta Mengel, obtiveram amostras de solo com apenas 2,5 cm de distância e a variabilidade de fósforo foi de até 100%, possivelmente causada por faixas de fertilizante iniciais.

4 – Registro

Mantenha registros! É a única maneira de saber a reação a fertilizante em sua fazenda, Mengel conclui.

 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.