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Fetag espera cronograma “real” da Doux para o Ministério Público

A empresa também disse que pretende intensificar os pagamentos


A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag-RS) espera que a direção da Doux Frangosul cumpra a promessa feita ao Ministério Público gaúcho (MP-RS) de apresentar, até a próxima semana, um cronograma de quitação e o montante dos débitos com produtores de frangos e suínos gaúchos. A empresa também disse que pretende intensificar os pagamentos. “Esperamos que seja realmente verdade”, reagiu nesta quinta-feira o presidente da Fetag-RS, Elton Weber. Os 2,2 mil integrados cansaram de receber calendários da empresa que nunca saíram do papel. A crise se intensificou entre 2012 e 2011 e é relacionada a problemas financeiros oriundos da crise internacional.


Dirigentes e advogados da Doux disseram ao procurador-geral do MP-RS, Eduardo de Lima Veiga, na segunda-feira passada, na sede do órgão em Porto Alegre, que elevarão o ritmo dos repasses, com atrasos de até 150 dias. Produtores estão sendo pagos por animais entregues em agosto e setembro do ano passado. Weber avalia que o encontro para sondar uma postura da Doux era o que Veiga, o subprocurador de assuntos jurídicos, Ivory Coelho Neto, e promotor de Justiça de Montenegro, Celso Stein, poderiam fazer. Caso não haja o fornecimento de informações e o cumprimento das quitações, o dirigente do setor primário acredita que o MP-RS terá elementos para uma ação mais forte.

Em nota, Neto reforçou que o MP-RS busca uma mediação entre a Doux e os produtores “para minimizar o impacto social da atual situação”. Após a entrega do relatório prometido pela empresa, o subprocurador pretende intensificar a atuação no caso. Em janeiro, o governo estadual pediu a Neto a investigação sobre indícios de irregularidades na remessa de receitas da operação brasileira da Doux para a sede do grupo na França. A preocupação é que a movimentação, registrada nos balanços de 2008 a 2010, estaria gerando dificuldades de caixa, com impacto na remuneração dos produtores. No encontro, o diretor-geral da indústria, Aristides Vogt, relatou as dificuldades da operação.

Com a redução na entrega de aves pelos produtores, que protestam contra os atrasos, a planta de Montenegro, a maior da agroindústria, suspendeu um dos três turnos de abates no dia 23. O volume caiu de 450 mil frangos ao dia para 300 mil. “Se a empresa recebe menos produto, abate menos e passa a ter menos faturamento”, conclui o presidente da Fetag-RS, que considera ainda insuficiente o ritmo de pagamentos. Para suprimir o turno, a Doux deu férias a 350 empregados, o que vem sendo questionado pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação local. Os sindicalistas consideram que houve desrespeito à legislação sobre férias coletivas, que configuraria a dispensa do grupo. Tanto o Ministério do Trabalho quanto o Ministério Público do Trabalho apuram se houve irregularidade na conduta.


Segundo Elton Weber, a empresa está quitando faturas de setembro do ano passado. “Está acontecendo como eles previam, mas queremos maior volume. Mas nem todos estão recebendo. Sem dinheiro, os integrados não conseguem produzir”, adverte o dirigente dos agricultores.

Os 13 produtores de suínos que conseguiram bloquear na Justiça bens móveis da Doux para garantir dívidas aguardam a intimação da companhia. As ações atingem as mais de 17 mil matrizes em poder das Unidades Produtoras de Leitões (UPLs), que representam 60% da capacidade dos integrados e 40% do total da indústria. A Doux tem uma planta em Caxias do Sul, que já foi cobiçada pela BR Foods (BRF). O juiz de Montenegro, André Luís de Aguiar Tesheiner, que atendeu aos pedidos de detentores de Unidades Produtoras de Leitões (UPLs), considerou a estratégia dos autores “como razoável e que não compromete a operação da empresa”, pois não atinge o patrimônio. Tesheiner admitiu que é grande a preocupação com o futuro da Doux, que gera 1,6 mil empregos somente em Montenegro. O magistrado reforçou que a medida judicial abre caminho para a busca de um acordo entre credores e a agroindústria.

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