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Fiagril vai escoar soja por ferrovia


Enquanto a tão sonhada BR-163 não sai do plano teórico e do sonhos dos produtores e exportadores do Centro-Oeste, as empresas caçam alternativas para se tornarem mais competitivas no mercado, principalmente em anos de preços baixos e margens apertadas, como foi 2004 e será 2005. A mais recente estratégia está sendo montada pela Fiagril, empresa de comercialização de soja, sediada em Lucas do Rio Verde (MT).

O grupo acabou de obter a liberação de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar a compra de três locomotivas, no valor de US$ 1 milhão. Com a aquisição das máquinas, a empresa pretende escoar parte de sua soja pelos trilhos da Brasil Ferrovias, holding controladora das operadoras ferroviárias Ferronorte, Ferroban, Novoeste e Portofer.

"Como toda empresa do agronegócio, nosso principal problema sempre foi a logística. Com a parceria, usaremos os trilhos da Ferronorte por cinco anos", afirma Miguel Vaz Ribeiro, sócio-executivo da Fiagril.

Economia de tempo

Das 400 mil toneladas de soja que a empresa pretende comercializar este ano, 260 mil serão destinadas ao mercado externo, sendo que 40% desse volume, já será transportado por meio da ferrovia. "Ainda não temos idéia de quanto será nossa economia em números, já que até então mandávamos toda a nossa carga via caminhão para Paranaguá (PR) e Cárceres (MT), mas pelos menos reduziremos os problemas com as filas de caminhões, estadia de navios no porto e tempo entre uma viagem e outra", afirma Ribeiro.

O executivo lembra que, um caminhão carregado leva cerca de sete dias para ir e voltar até Paranaguá, percorrendo uma distância de 2.200 quilômetros. Usando os trilhos da Ferronorte, os carregamentos serão destinados para Alto Taquari, onde a soja será transbordada para os trilhos e destinadas ao porto de Santos. "São apenas 850 quilômetros entre Lucas do Rio Verde e Alto Taquari. Com isso, os caminhões saem em um dia e conseguem estar de volta no dia seguinte", afirma Ribeiro.

Apesar da aposta alta na ferrovia, Ribeiro lembra que a empresa continuará usando estradas para escoar grande parte de sua soja. "Continuaremos mandando soja para Paranaguá, pois não temos outra alternativa. Nosso sonho, no entanto, continua sendo a saída pelo norte", afirma o executivo, referindo-se à pavimentação da BR-163 no trecho do Pará.

Grupo de elite

Com a aquisição das locomotivas e a parceria com a Brasil Ferrovias, a Fiagril entra para um dos mais seletos grupos de empresas que comercializam soja no Brasil e já adotam o sistema de parceria com a holding. Amaggi, Caramuru, Bunge, ADM e Cargill foram as primeiras a partilhar a gestão do material rodante e permanente, além do próprio capital.

A estratégia das empresas é dar competitividade à soja produzida na região do meio norte do Mato Grosso. "Os municípios da região devem colher esse ano cerca de 6 milhões de toneladas de soja, uma parcela representativa dentro da produção estadual", diz Ribeiro.

O modelo de gestão da Brasil Ferrovias foi lançado em janeiro de 2004, com duas parcerias. Na época, a Caramuru adquiriu 120 vagões e cinco locomotivas que passaram a ser operadas pela empresa ferroviária, no trecho de Pederneiras até Santos. O outro acordo foi assinado com a ADM e previa o transporte de 1,8 milhão por ano. A trading entrou com 190 vagões, para operar entre Alto Araguaia, Alto Taquari, Chapadão do Sul a Santos. Amaggi, Cargill e Bunge também fecharam acordos semelhantes.

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