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Fim do El Niño pode ocorrer no primeiro semestre de 2024

El Niño enfraquece, mas transição para La Niña ainda é incerta


Foto: Canva

A transição do fenômeno El Niño para La Niña é um processo complexo e altamente influente no clima global, inclusive no Brasil. No cenário atual, estamos observando o pico de anomalias de temperaturas positivas no Oceano Pacífico Equatorial, com projeções indicando um enfraquecimento “acentuado” do fenômeno El Niño. Apesar deste indicativo, a transição para um período de La Niña ainda é incerta, com a possibilidade de uma condição de neutralidade climática emergindo no outono/inverno.

Para entender melhor essa transição, é essencial considerar as condições específicas definidas por organizações como a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA) e o Bureau de Meteorologia Australiano. 

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Segundo a NOAA, para estabelecer uma condição de El Niño, La Niña ou Neutralidade, é necessário que as anomalias de temperatura da superfície do mar na região Niño3.4 do Oceano Pacífico atinjam ou superem ±0,5ºC, juntamente com características atmosféricas consistentes. Essas anomalias também devem ser previstas para persistir por pelo menos três meses consecutivos. Para uma fase ser classificada como um episódio completo de El Niño ou La Niña, esses limiares devem ser excedidos por um período de pelo menos cinco trimestres consecutivos e sobrepostos.

Por outro lado, o Bureau de Meteorologia Australiano define a La Niña como temperatura na superfície do mar nas regiões NINO3 ou NINO3.4 do Pacífico sendo 0,8 °C mais frias que a média.

Embora possamos começar a ver sinais de enfraquecimento do El Niño, é importante notar que ainda levará algum tempo para que a atmosfera se ajuste completamente ao padrão de circulação característico da La Niña. Este atraso na resposta atmosférica significa que os efeitos de uma mudança para La Niña ou mesmo para uma condição neutra podem não ser imediatos.

No Brasil, o El Niño geralmente está associado a padrões de chuvas mais intensas no Sul e secas no Nordeste. A transição para La Niña, por sua vez, pode levar a um aumento de chuvas no Norte e Nordeste e condições mais secas no Sul do país. Contudo, é crucial lembrar que esses padrões podem variar e são influenciados por uma gama de fatores atmosféricos e oceânicos globais.

ENTENDA OS IMPACTOS NAS LAVOURAS

Os fenômenos El Niño, La Niña e a Neutralidade Climática exercem influências significativas nas lavouras de verão e de inverno no Brasil, impactando diretamente a agricultura devido às alterações nos padrões climáticos que eles trazem. 

El Niño

  • Lavouras de Verão: O El Niño geralmente aumenta as chuvas no Sul do Brasil, o que pode ser benéfico para culturas de verão como soja e milho. No entanto, chuvas excessivas podem causar alagamentos e problemas de doenças nas plantas. No Nordeste, o El Niño frequentemente leva a condições mais secas, afetando negativamente as lavouras de verão.
  • Lavouras de Inverno: As culturas de inverno, como o trigo, podem ser adversamente afetadas no Sul do Brasil devido ao aumento da umidade e menor incidência de luz solar durante o El Niño, prejudicando o desenvolvimento das plantas e aumentando o risco de doenças fúngicas.

La Niña

  • Lavouras de Verão: La Niña normalmente traz condições mais secas para o Sul, o que pode resultar em estresse hídrico para as lavouras de verão, reduzindo a produtividade. No Norte e Nordeste, por outro lado, pode haver um aumento nas chuvas, beneficiando as lavouras de verão nesta região.
  • Lavouras de Inverno: Para as lavouras de inverno, La Niña pode ser benéfica no Sul, proporcionando condições mais secas e menos propensas a doenças. No entanto, é importante notar que a falta de chuva também pode resultar em estresse hídrico para algumas culturas.

Neutralidade Climática

Lavouras de Verão e de Inverno: Durante períodos de Neutralidade Climática, os padrões de precipitação e temperatura tendem a ser mais próximos do normal para a estação. Isso geralmente proporciona condições mais estáveis e previsíveis para a agricultura, tanto para as lavouras de verão quanto de inverno.

Contudo, mesmo durante a neutralidade, variações locais e eventos climáticos extremos podem ocorrer. É importante destacar que, embora esses fenômenos tenham padrões gerais de influência, as condições locais específicas, como topografia, práticas de manejo agrícola e microclimas, podem modificar significativamente os impactos em determinadas regiões ou para certas culturas. Além disso, a variabilidade interanual e os eventos climáticos extremos podem trazer desafios adicionais, independentemente do estado atual do El Niño, La Niña ou Neutralidade Climática.

A análise é do meteorologista do Portal Agrolink, Gabriel Rodrigues com revisão de Seane Lennon

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