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Fiscais agropecuários voltam ao trabalho

STJ determinou na última semana retorno dos servidores federais, mas categoria vai recorrer


STJ determinou na última semana retorno dos servidores federais, mas categoria vai recorrer
Fiscais agropecuários federais retornaram ao trabalho em diferentes estados brasileiros. A categoria atendeu à liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que na última semana determinou o retorno de 100% dos profissionais às funções. Mas a categoria questiona a decisão e garante recorrer sob justificativa de ter a corte ferido o direito constitucional de greve. Nesta semana, ingressa com uma medida tentando reverter a decisão.

No país são 3,2 mil profissionais para realização de serviços ligados à garantia da segurança alimentar desde o campo até o consumidor final. "Já se está retornando ao trabalho, liberando as cargas retidas e as atividades sendo normalizadas. Mas isso não vai ocorrer rapidamente", afirma Elias Eloi de Santana, do Comando Nacional de Mobilização.

De acordo com o representante, todas as bases regionais do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) foram comunicadas para o cumprimento da determinação.

"A partir da notificação o sindicato emitiu comunicado a seus filiados para se cumprisse a medida cautelar. Mas violou a Constituição", considerou ainda o representante da mobilização.

Em Mato Grosso, 80 servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), aderiram ao movimento nacional deflagrado na última segunda-feira (6). Segundo o delegado sindical no estado, Nilo Silva Nascimento, todos os 35 agentes que atuam na inspeção de abate animal e outros 2 da área de vigilância agropecuária já voltaram ao trabalho.

"Estamos cumprindo o que a liminar determinou. Mas para o restante estamos nos reunindo para saber como será feito o retorno", afirmou o dirigente, em entrevista ao Agrodebate.

A categoria engloba servidores de diferentes áreas como engenheiros agrônomos, médicos veterinários, zootecnistas e demais. Somente neste estado, os cinco dias de greve impediram a exportação de quase 2 mil toneladas de carne bovina in natura e congelada; a entrada de 657 mil toneladas de fertilizantes na unidade federada; e também o envio de 2,7 mil toneladas de sementes para outros estados.

Em Mato Grosso do Sul, segundo o porta-voz do Comitê de Mobilização dos fiscais agropecuários federais, Luís Marcelo Martins Araújo, a situação foi normalizada. "A situação está normalizada, mas estamos em compasso de espera, aguardando o julgamento dos recursos que a direção nacional impetrou para voltar a nos mobilizarmos", explicou o representante.

No estado são 102 servidores, segundo Araújo. A greve fez os frigoríficos que atuam com o mercado externo reduzirem as escalas de abate e processamento.

O presidente da Associação dos Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne de Mato Grosso do Sul (Assocarnes), João Alberto Dias, confirma a diminuição do ritmo de abates nos frigoríficos que têm o Serviço de Inspeção Federal (SIF).

"Estamos pagando uma conta que não é nossa. Além do momento de enfrentamento econômico que o setor vive, ainda temos de lutar contra essa série de greves. Não são apenas os fiscais. São várias outras categorias que estão fazendo movimentos semelhantes, o que afeta desde o transporte dos animais, passando pelo abate, o processamento até chegar a exportação, com dificuldades para a liberação dos containers com os produtos", comenta.

Segundo o presidente da Assocarnes, ainda não é possível estimar as perdas financeiras geradas com o movimento grevista. No entanto, afirma que a retomada das atividades ainda vai demorar. "Vai ser preciso fazer uma readequação e isso não é muito simples. Vai demorar alguns dias para retomar, a dinâmica do setor é meio lenta neste sentido", explica.

Em Mato Grosso do Sul, conforme a Superintendência Federal de Agricultura (SFA), 36 plantas frigoríficas têm o SIF para o abate de bovinos, mas cerca de somente 25 estão em atividade. Outras duas contam com o serviço para abate de suínos e cinco para de aves.

Mobilização continua

Em Brasília, manifestação programada para esta terça-feira (14) na Esplanada dos Ministérios pela Anffa Sindical pretende chamar a atenção da sociedade para as cobranças da categoria sobre melhores condições salarial, de trabalho, contratação de servidores.

A categoria pretende fazer ainda a distribuição de 3,5 mil litros de leite. "Continuamos mobilizados para dar visibilidade ao movimento", aponta Elias Eloi de Santana, do Comando Nacional de Mobilização.

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