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Física aplicada ao agro gera empregos e atrai investidores

Esse efeito se tornou mais intenso nos últimos anos


Foto: Pixabay

As parcerias realizadas pela Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) com o setor privado no desenvolvimento de pesquisas para aplicação da Física ao setor agropecuário, além de soluções tecnológicas para o produtor rural, também provocam outros impactos, entre os quais, a geração de empregos e atração de investidores em startups.

Esse efeito se tornou mais intenso nos últimos anos a partir de novas parcerias em Fotônica - campo da ciência dedicado a estudar a luz (utilização de fótons), presente em outras áreas tais como tratamentos médicos e odontológicos, na computação, em novos sensores e equipamentos - e é um dos casos de sucesso do Balanço Social da Embrapa, apresentado no 49º aniversário da Empresa.

“Atualmente temos cerca de 40 contratos vigentes nessa área e em temas correlatos, que envolvem parcerias públicas e privadas, além de 20 soluções tecnológicas, tanto no mercado, quanto em fase de finalização técnica e escalonamento”, explica Débora Marcondes Bastos Pereira Milori, chefe adjunta de Transferência de Tecnologia, da Embrapa Instrumentação.

Conhecimento e mercado

Um dos exemplos é a startup Acqua Nativa Monitoramento Ambiental, que mantém parceria com a Embrapa Instrumentação na Sonda Multiparâmetros para Aquicultura. A tecnologia analisa 14 parâmetros de qualidade da água, inclusive clorofila e a proliferação de algas nos tanques, o custo é 75% menor em relação ao modelo similar importado e, para o usuário, permite colocar mais peixes e ainda economizar água.

“Nós conseguimos resolver e estabelecer um caminho bem interessante de pesquisa e desenvolvimento. Nós tínhamos o mercado alvo e a Embrapa detinha o know-how de como fazer esses desenvolvimentos”, explica Hugo Vieira, diretor da empresa, localizada em São Carlos.

“A história da Sonda Acqua Probe se confunde com a interação com a Embrapa, é uma história muito bem-sucedida de interação entre uma instituição pública com uma empresa, e nós estamos conseguindo explorar a demanda que tínhamos observado no início para produtos nacionais”, complementa Vieira, que já abriu um escritório para atender à demanda pela tecnologia no Paraná.

Formação de profissionais qualificados

Para fortalecer a área de fotônica aplicada à agricultura, ao meio ambiente e à agroindústria foi criado, em julho de 2021, o Laboratório Nacional de Agro-Fotônica. O LANAF conta com a participação de dez Unidades da Embrapa nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste e envolve 51 pesquisadores, seis pós-docs e seis instituições de ciência e tecnologia.

Integrante do Sistema Nacional de Laboratórios de Fotônica (Sisfóton) e único dedicado ao agro, o LANAF busca aproximar a iniciativa privada dos pesquisadores para discussão de solução de problemas; trabalhar em projetos com empresas e startups nos moldes de inovação aberta; incentivar a criação de spin-offs do Laboratório, além de formar profissionais que consigam atuar com a multidisciplinaridade necessária para atuar em Agrofotônica. “A formação de profissionais altamente qualificados é algo que já temos feito e pretendemos ampliar com o LANAF”, comenta Débora Milori”.

“Atualmente temos 18 pessoas que passaram pelo laboratório, fizeram mestrado e doutorado e hoje estão em empresas como a Agrorobótica, Brasil Agritest, Hyco, nas universidades federais de Mato Grosso do Sul, São Carlos e Santa Catarina, na Unesp, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas, na Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC e até numa empresa no Canadá”, acrescenta a pesquisadora, que também é coordenadora do LANAF.

É o caso de Anielle Ranulfi, orientada por Débora na pós-graduação e, atualmente, diretora de Pesquisa da Brasil Agritest. “Sinto uma satisfação muito grande em poder continuar aplicando toda a experiência que acumulei nos anos de academia me tornando especialista em óptica fotônica aplicada ao agro e poder continuar aplicando isso tudo no meu dia a dia como pesquisadora, e agora também como sócia da empresa”, conta Anielle.

A startup mantém parceria com a Embrapa na classificação da qualidade de grãos de soja para o comércio internacional de forma automática - cor, defeitos, presença de patógenos, integridade dos grãos e tamanho – e, para isso, emite laudos de qualidade do lote com mais rapidez e assertividade. A tecnologia venceu o desafio de startups AgriFutura 2022, realizado em São Paulo, na categoria Produto Mínimo Viável (MVP).

Demandas e investimentos

“O LANAF vem para fortalecer a fotônica na agricultura brasileira e mundial, através de toda a sua rede de pesquisadores, de toda a sua infraestrutura, auxiliando toda a nossa demanda do mercado do agro brasileiro e global”, avalia Fábio De Angelis, CEO da Agrorobótica.

A startup construiu, em plena pandemia, um centro pioneiro de fotônica aplicada ao agro e utiliza laser para analisar os elementos do solo, em menor tempo e custo em relação às análises químicas e sem geração de resíduos. A tecnologia já chegou a 17 estados, processa 1.200 amostras de solo/dia e gera mapas de carbono, fertilidade, pH e textura dos solos.

A demanda por sensores e sistemas de monitoramento que permitam análises limpas (sem preparo químico) e de baixo custo cresce a cada ano em todos os pontos da cadeia produtiva de alimentos e tem atraído a atenção de investidores nas empresas parceiras da Embrapa, como a NT Agro – Novas Tecnologias no Agronegócio.

“Nós já investimos em duas empresas (Agrorobótica e Fine Instrument Technology – FIT) que licenciaram tecnologias desse grupo competente, tecnologias em sensores e análises físico-químicas voltadas para o setor agrícola”, relata o CEO da NT Agro, Victor Prodonoff.

“Essa tem sido uma parceria muito frutífera para a própria Embrapa, através de royalties, de divulgação da tecnologia, mas também para a NT Agro e para o Brasil de modo geral. Nós temos certeza de que os melhores dias dessa grande parceria da Embrapa com a NT Agro estão por vir ainda”, finaliza.

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