Fraca baixa de “retenciones” desagrada agronegócio argentino
“São piores do que havia sido especulado. A medida não funcionou, ela traz mais transtornos"
A baixa anunciada pelo governo argentino nas chamadas “retenciones” (impostos sobre exportações) ficou longe de agradar o setor produtivo rural argentino. O objetivo do ministro da Agricultura, Luis Basterra, seria acelerar e estimular as vendas de grãos – principalmente soja – no último trimestre do ano.
No entanto, a queda nos percentuais veio abaixo do esperado, o que gerou um desconforto nos representantes do agronegócio argentino, que reclamaram não terem sido consultados ou incluídos nas negociações. De acordo com Carlos Iannizzotto, presidente da Coninagro (Confederação Intercooperativa Agropecuária), o problema é que o país vizinho continua tendo “uma política cambial frágil e sem rumo”.
“As medidas anunciadas não têm o direcionamento que o produtor espera, pois o momento proposto significa que o benefício não poderá ser capitalizado pelos produtores. A partir de sua territorialidade e da marca de gerar pontes de diálogo, a Coninagro se mantém disponível para intercambiar propostas, gestão e conteúdos em busca do desenvolvimento local, com políticas de incentivo ao investimento e à produção, expressas no Plano Coninagro”, acrescentou Iannizzotto.
Daniel Pelegrina, presidente da Sociedade Rural Argentina (SRA), também reclamou das medidas anunciadas pelo governo peronista. “São piores do que havia sido especulado. Falou-se em queda de três pontos [percentuais] durante três meses. Mas as ‘retenciones’ serão reduzidas diferencialmente. Os subprodutos vão ter baixas maiores. É uma transferência dos produtores para a indústria. A medida não funcionou, ela traz mais transtornos”, explicou ele ao apresentar estudos realizados na SRA antes do anúncio.