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Fruticultura: Novos planos em ano de quebra

Terra e clima são propícios para atividade


Maior produtor de pêssego, ameixa e nectarina no Paraná, a Lapa retoma investimentos em pomares

As plantações de soja, milho e feijão da Lapa, distante 80 quilômetros de Curitiba, escondem umas das principais atividades da região. O município é responsável por 26% da produção estadual de ameixa, nectarina e pêssego, índice que lhe confere o pos­­to de maior produtor de frutas de caroço do Paraná. No ano pas­­sado, os 550 hectares de pomares produziram 9 mil to­­neladas dos frutos, de acordo com dados da Secretaria da Agricultu­ra e do Abastecimento (Seab), e a produção estadual foi de 34 mil toneladas. Em plena colheita, a expectativa quebra climática, mas não de retração na atividade.


A fruticultura de caroço na La­­pa teve início há quatro décadas, mas foram nos 90 que a atividade prosperou como alternativa ao cultivo de milho e feijão. No início da década passada, houve forte declínio, recuperado há cinco anos. Nos últimos dois anos, porém, os pomares voltaram a ser reduzidos em 20%. Até o final do mês, os produtores vão calcular as perdas das geadas de 2011. Dos 50 fruticultores da Lapa, restaram a 32 na atividade, que mostram novo ânimo diante da demanda.

“A terra e o clima são propícios para atividade e a região tor­­nou-se um grande polo produtor”, lembra Leila Aubrift Klenk, engenheira agrônoma do Insti­tu­­to Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ema­ter). Nas épocas em que o grupo de fruticultores cresce, são ne­­ces­­sários ao menos dois técnicos para orientar o setor.

Foi numa das melhores épocas da fruticultura de caroço, em 1989, que o produtor e presidente da Associação de Fruticultores do Faxinal I, Tadeu Stabach, in­­gressou na atividade. Após verificar que a atividade estava rendendo bem, Stabach dedicou parte da sua área de feijão, batata e milho para os pomares de pêssego, ameixa e nectarina.

“Era um bom negócio. Che­­guei a ter 9 hectares de pomares e agora cultivo 6 hectares. Hoje a situação é outra.” Os produtores aguardam dois, três anos de boa safra e preços remuneradores pa­­ra colocar em prática planos de expansão.

Reviravolta

Nos últimos dez anos, os fruticultores tiveram cinco safras de maus resultados. O granizo e a geada castigaram os pomares lapeanos, prejudicando a produtividade e, em alguns casos, fa­­zendo com que os produtores se endividassem. “Muitas variedades não eram adaptadas e os produtores menos competitivos dei­­xaram a atividade”, relata Leila.


Outra dificuldade do setor é a demanda limitada. Cerca de 90% da produção da Lapa têm co­­mo destino a Central de Abas­teci­mento do Paraná (Ceasa), em Curitiba, que está saturada. A alternativa seria buscar mercados mais distantes, opção que esbarra na falta de uma câmara fria apropriada para armazenar o fruto antes de percorrer longas distâncias (leia na matéria ao lado).

“A Ceasa não está recebendo mais e não temos como mandar para outro lugar. O resultado é a perda de 30% da produção por falta de comprador”, aponta Tadeu.

O clima é de retomada na La­­pa em boa medida porque Ema­­ter e prefeitura retiraram da gaveta o programa de capacitação dos fruticultores. Assistên­cia técnica e eventos de qualificação tentam vencer o desânimo dos anos de crise e impedir que os pomares cedam espaço à produção de grãos, por exemplo, e reduzam a renda da agricultura familiar.
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