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Frutos do Cerrado podem ser oportunidade de negócios

Produtos crescem no mercado e conquistam a preferência de clientes do Brasil inteiro; mas ainda precisam de mais divulgação, segundo especialista


Brasília - As plantas do Cerrado vem ganhando projeção nacional, principalmente nos últimos anos, por conta do sabor e das propriedades medicinais relacionadas aos produtos dessa flora. Com o tema 'Culinária Rural: Processamento de Frutos Nativos', o professor do Senar Ailton Guilherme de Lucena realizou uma oficina de gastronomi adurante a Feira do Empreendedor que acontece em Brasília até o domingo (26).

Especialista em Plantas Medicinais e Aromáticas e em Frutos Nativos do Cerrado, Lucena tratou de temas como os benefícios das plantas da região para a saúde e de sua viabilidade comercial. Como prática, ensinou os alunos a produzirem três receitas com a leguminosa jatobá: bolo, achocolatado e torta com atum. “A farinha do jatobá é rica em cálcio, que combate a osteoporose, e em ferro, que previne a anemia”, revela o responsável pela oficina. A capacitação foi oferecida na manhã da quarta-feira (22).

O professor destacou que a descoberta dos potenciais gastronômicos e fitoterápicos da vegetação do Centro-Oeste aconteceu na década de 80, a partir de pesquisas do Centro de Pesquisas Agropecuárias do Cerrado (Cpac), da Embrapa.

Segundo o representante da Senar, os frutos do Cerrrado se expandiram não apenas por sua região de origem como conquistaram consumidores do Brasil inteiro. O sorvete é um dos carros-chefe dos negócios. “Existe uma empresa aqui da região que vende 14 mil picolés por dia, de 64 sabores diferentes”, conta Lucena. Cagaita, buriti, pequi, jatobá e cajuzinho são alguns dos frutos que se transformam não apenas em sorvetes, mas em geléias, doces, cosméticos e medicamentos.

Apesar do destaque atual, Lucena afirma que os frutos do Cerrado ainda precisam de bastante divulgação para alcançar um lugar sólido no mercado. Para o professor, por desconhecimento, os empresários não investem em produtos da matéria-prima da flora regional. “Muitas embaixadas e empresas querem promover jantares típicos do Cerrado, mas não encontram quem faça. Fora o frango com pequi, não há muitas opções”, aponta.

Para mudar essa realidade, o Senar/DF aposta em divulgar os frutos locais. Ensina a produzir, plantar e processar (transformar em alimentos). Assim, empresários podem encontrar nessa flora uma opção para fortalecer seus negócios, gerar emprego e renda. As Unidades Estaduais do Sebrae em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também desenvolvem iniciativas para o beneficiamento desta matéria-prima como fonte de renda para os pequenos negócios.

O produtor rural Luiz Carlos Cotta participou da oficina. Diz que gostou de aprender a preparar os pratos com jatobá e quer apostar em um negócio relacionado ao assunto. “Conhecia pouco sobre essas plantas. Gostei do jatobá. Apesar do cheiro forte, não é enjoativo”, comenta. De olho no segmento do turismo rural, Cotta pensa em fabricar alimentos de frutos do Cerrado para restaurantes. “Há um campo fantástico a ser explorado, desde que de forma sustentável e com profissionalismo”, afirma.

Eneida Rocha, proprietária de uma pequena loja de produtos agropecuários, também vislumbra nos frutos do Cerrado uma opção para aumentar sua renda. “Achei a oficina fantástica. Tenho uma chácara no interior de Goiás, onde há muitos desses frutos, mas não sabia como aproveitá-los”, revela. “Gosto muito de culinária e agora quero investir em produtos feitos com estas frutas”, anuncia.

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