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GE projeta ampliar fatia em bioenergia para crescer no País

Um dos fatores que deverão influenciar no aumento dos preços é a queda na produção de cana-de-açúcar


SÃO PAULO - Nem só de açúcar viverá o mercado sucroalcooleiro. Analistas do setor preveem a recuperação dos preços do etanol e as empresas do setor já se movimentam para fazer novos lançamentos. A General Electric (GE) quer ampliar sua liderança técnica no segmento - as tecnologias da companhia representam cerca de 50% da safra de cana-de-açúcar do País e 60% da produção total de etanol. Para isso, quer viabilizar comercialmente a produção de gás pela biodigestão da vinhaça em usinas de açúcar e álcool no Brasil.

O motor desenvolvido pela divisão Jenbacher Gas Engine da GE Energy, que transforma a vinhaça em energia, já vem sendo utilizado com sucesso em países como a Índia e o Paquistão. A tecnologia de motores a gás da GE cobre a faixa de potência de 0,25 a 4,4 megawatts (MW), que pode gerar para o sistema interligado nacional e operar com uma grande variedade de gases, incluindo biogás resultante de resíduos da cana-de-açúcar originados da produção de etanol.

Cláudio Loureiro, diretor de novos negócios da GE para a América Latina, acredita que ações regulatórias no País deverão tornar medidas como o reaproveitamento da água e a cogeração de energia obrigatórias e que a tecnologia já utilizada na Índia deverá ser replicada no Brasil.

Segundo o executivo, por ser o principal mercado de etanol, o potencial de geração de energia no Brasil deverá ser ainda maior. "Na Índia para cada 60 mil litros de etanol produzidos por dia são gerados 2 MW . Se pensarmos em usinas que produzem 300 mil litros de álcool por dia, a geração de energia pode chegar a 10 MW", afirmou Loureiro.

Hoje, a tecnologia é desenvolvida na fábrica da GE instalada na Áustria, mas de acordo com o diretor de novos negócios da GE, já existem estudos para que esses motores venham a ser fabricados do País. "Está sendo cogitado. Vamos avaliar a demanda no mercado interno e observar. O Brasil também pode se tornar uma plataforma de exportação", disse.

Este mês, a GE já havia anunciado que obteve êxito no primeiro teste de geração de biogás a partir de esterco animal, nos Estados Unidos. Os motores Jenbacher foram instalados em uma granja no último mês de maio e atualmente estão produzindo 633 KW de eletricidade.

Segundo Loureiro, a participação do segmento de energia direcionado ao mercado sucroalcooleiro teve um crescimento acelerado nos últimos dois anos e no próximo ano deverá ocorrer a maturação desses projetos.

"No ano passado, quando o setor recebeu muitos investimentos, nosso crescimento foi de 6 a 7%. Este ano, a crise deve limitar essa expansão. Para 2010 vamos buscar formas de tornar os grupos consolidados mais eficientes, do ponto de vista energético, ambiental e financeiro", avaliou Loureiro.

Clima influencia preços

As empresas, que no primeiro semestre sofreram com os baixos preços praticados no mercado de etanol, estão otimistas em relação aos próximos meses do ano. José Carlos Grubisich, presidente da ETH, chegou a falar em R$ 1 por litro durante a entressafra, que começa em dezembro, durante a inauguração da sua primeira usina no Estado de Goiás, na semana passada.

Um dos fatores que deverão influenciar no aumento dos preços é a queda na produção de cana-de-açúcar devido às chuvas acima da média no mês de agosto. Em São Paulo, a região de Piracicaba deixou de colher cerca de 3 milhões de toneladas de cana, gerando um prejuízo de R$ 140 milhões de toneladas na cadeia do açúcar e de R$ 78 milhões no setor de álcool. Os números são da Associação dos Fornecedores de Piracicaba. Isso porque eram esperados 25 mililitros, no entanto, a média já ultrapassa 79 mililitros.

No Centro-Sul do País, a maior região produtora mundial, as chuvas de agosto foram as mais intensas de mais de seis décadas e só na segunda quinzena deste mês devem ser responsáveis por uma redução para 30 milhões de toneladas, em relação aos 40,1 milhões de toneladas da primeira quinzena. "A gente moeu menos cana nesta quinzena", disse Maurílio Biagi Filho, principal executivo da produtora de açúcar e etanol Maubisa Agrícola . "A chuva tem atrapalhado", afirmou.

Os rendimentos da atual temporada de colheita do Brasil, de abril a novembro, vão cair para o nível mais baixo de pelo menos dez anos devido à chuva, segundo Antonio Pádua, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

Segundo especialistas, os produtores brasileiros estão desacelerando a colheita quando chove porque a umidade reduz o teor de sacarose da cana, o composto processado em açúcar e etanol.

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