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Goiabas renovadas

Produtores de Carlópolis, que tem tradição na produção da fruta, estão substituindo os pomares em busca de números melhores


Carlópolis está localizada no norte pioneiro do Estado entre vales e as águas da Represa Xavantes. Com tradição na produção de frutas, o município se destaca no Paraná em especial pelo que produz de goiaba. Em 2007, foram colhidas 1,6 mil toneladas do fruto na cidade, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento. Os bons resultados podem ser ainda maiores nos próximos períodos devido, principalmente, ao trabalho de renovação dos pomares. A substituição de árvores e variedades tem sido efetuada por apenas alguns produtores que não desistiram da cultura mesmo quando clima e comércio não sopravam a favor.

Debaixo de uma chuva fina, em meio aos 850 pés de goiaba plantados em sua propriedade, conta com orgulho que decidiu cultivar a fruta há 18 anos. Cultura promissora, a goiaba estava em alta, e combinava boa produtividade e comércio. Mas foi então que em meados da década de 90 uma geada atingiu a região e prejudicou parte dos pomares. "A produção começou a cair no município; o que era uma boa opção começou a se tornar dúvida", rememora o produtor.

Na retomada da produção, outro impacto. Em 2000, uma queda de temperatura ainda mais forte seguida de geada comprometou quase completamente a lavoura em Carlópolis. "Muita gente desistitu da goiaba. Vários produtores japoneses acabaram abandonando a lavoura e partindo para o Japão. Foi uma debandada", conta Airton José Soares Capote, técnico da Emater. Quem ficou, optou por outras frutas e permaneceu com apenas parte dos pés de goiaba.

Akamatsu foi um dos que insistiu com a lavoura da fruta e mesmo plantando outras variedades, como lichia e figo da Índia, não preteriu a goiaba. "Deixei de lado só um pouquinho, mas nunca abandonei completamente", enfatiza o agricultor e também presidente da Associação dos Olericultores e Fruticultores de Carlópolis (APC).

Em 2006, decidiu voltar mais fortemente para o mercado, renovando o pomar e cuidando melhor das árvores que já existiam. "Decidi apostar novamente na goiaba porque é uma cultura que a gente pode programar a colheita", conta Akamatsu, enaltecendo alguns benefícios do plantio dessa fruta.

Ele comenta que a produção é, em média, de três colheitas a cada dois anos. "No verão, a goiaba amadurece mais rápido por causa do calor e do volume maior de chuva; o ciclo adianta, fica mais curto", descreve o produtor. Mas no inverno, as árvores também são produtivas. Os pés ficam carregados de frutos que, assim como no verão, podem ser colhidos quase todas as semanas.

Entre as variedades que tem produzido, Akamatsu revela que permaneceu com a Iwao, pois é uma qualidade rica em cálcio e que tem bom comércio. "É bastante produtiva e a geada não prejudicou tanto os pés", diz. Já a variedade Pedro Sato, bastante atingida pela geada, foi substituída pela Século XXI. "É uma variedade nova, mais vermelha e tem mais mercado que a branca", ressalta o produtor. Mas não só: "essa qualidade tem mais licopeno (substância que dá cor avermelhada aos alimentos e é um antioxidante) do que o tomate e quando amadurece não fica com um cheiro tão forte como as goiabas tradicionais".

Akamatsu revela que tem um pouco de medo de apostar na goiaba, temendo novas geadas. "A goiaba é uma fruta fraca, dá medo de apostar na cultura novamente, mas é preciso continuar", diz firmemente. A coragem vem dos números anteriores à geada. Na época, dois caminhões de goiaba eram colhidos por semana. Ao todo, a produção local somava perto de 500 mil caixetas de goiaba por ano. E a expectativa, naquele período, era chegar a mil caixetas ao ano se não houvesse ocorrido geada. Agora, a renovação dos pomares trouxe de volta a esperança de boas safras. Os produtores de Carlópolis estão dando passos para alcançar novamente as 500 caixetas por ano e, quem sabe, chegar a 1 milhão. 

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