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Governo argentino quer controlar produção de alimentos

Peronismo prepara três projetos com o objetivo de ampliar a participação do Estado no setor


Foto: Casa Rosada

A estatização do Grupo Vicentin, maior exportador mundial de óleo de soja, foi apenas o começo de um plano do governo de Alberto Fernández para controlar todo o sistema de produção de alimentos na Argentina e usar o campo para impulsionar a economina no pós-pandemia. A informação foi vazada por assessores do interventor da expropriação, Gabriel Delgado.

A administração peronista prepara mais três projetos com o único objetivo de ampliar a participação do Estado no setor de alimentos na produção vegetal, exportação e promoção da biotecnologia. O decreto de intervenção ainda não foi publicado no Diário Oficial, mas já está sendo gestado há mais de um mês.

Fernández declarou publicamente que a decisão pela expropriação foi acelerada após rumores de que empresas estrangeiras poderiam comprar gigante do óleo de soja. “Algo que não gostei porque significaria que a Argentina estava perdendo um operador muito importante nas mãos dessa transnacionalização”, disse ele.

SANCOR É A PRÓXIMA?

A intervenção estatal na Vicentin abriu chagas recentes no passado argentino de insegurança jurídica quanto ao direito de propriedade e o uso social de empresas consideradas estratégicas. O secretário de Relações Parlamentares, Institucionais e com a Sociedade Civil do Gabinete da presidência, Fernando “Chino” Navarro, foi o primeiro a levantar a bandeira de expropriação da Sancor. A situação financeira da gigante láctea multinacional é delicada, apesar de não ter pedido de falência formalizado ainda.

“A Sancor pode ser resgatada, mas é melhor que pequenos e médios produtores e cooperativas o façam, porque isso lhe dá mais densidade, mais volume”, disse Navarro em declarações a uma rádio argentina. O funcionário do governo Fernández rechaça, porém, que se trate de “transformar o país em uma Venezuela”.

“Peronismo não é sinônimo de Estado, mas de comunidade organizada. Acreditamos em iniciativa privada, no papel de empresários, mas também no modelo de Nação. Não é errado se opor à intervenção da Vicentin, mas pelo senso comum e racionalidade, sem falar sobre chavismo ou comunismo”, disse ele. Chino acrescentou que as empresas de cereais “atualmente definem o preço que querem e geram concentração e cartelização”, e que “há aumentos de preços apenas por ganância”.
 

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