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Governo da Galícia investe em melhoria genética no Brasil


O governo da Galícia, estado independente da Espanha, pretende investir na pecuária brasileira. Inicialmente serão aplicados € 220 mil (R$ 800 mil) para a transferência genética de raças de gado de corte e leiteiro daquela região para o País. Santa Catarina e Pernambuco foram os estados escolhidos para pesquisar o cruzamento industrial das raças rubia gallega e frisona.

Em visita ao Brasil, o conselheiro agrícola e de desenvolvimento rural da Galícia, José Antônio Santiso Miramontes, vai doar três mil doses de sêmen de frisona para Pernambuco, assinando convênio com o governo, além de vistoriar as experiências de produção de carne bovina com cruzamento industrial utilizando a raça rubia gallega. Hoje, Miramontes estará em Santa Catarina, para um dia de campo com produtores da região. A visita se encerra na sexta-feira com a assinatura de convênio com o governo de Pernambuco.

Miramontes diz seu governo resolveu investir no Brasil porque há mercado para a pecuária, principalmente na melhoria genética. Segundo estimativas do setor, apenas 5% do rebanho brasileiro utiliza inseminação artificial nos cruzamentos industriais. Na Galícia, a empresa pública Xenética Fontao faz pesquisas de melhoramento do rebanho local e desenvolvimento de produtos. Por isso, além do gado, o conselheiro diz que posteriormente a Galícia poderá introduzir no Brasil variedades de uvas para a produção de vinho e técnicas de produção de queijo galego. O governo galego investiu, nos últimos anos, € 130 milhões no desenvolvimento de pesquisas genéticas.

Santa Catarina foi o primeiro estado a firmar parceria com o governo da Galícia, pois devido ao seu status sanitário - livre de aftosa sem vacinação -, não pode transportar animais de outras regiões do País e, por isso, o melhoramento genético do rebanho catarinense só pode ser feito por inseminação artificial. Em virtude dessa dificuldade, no ano passado, o governo catarinense implantou a Central de Inseminação Artificial, em Indaial (no Vale do Itajaí), onde o preço do sêmen é subsidiado.

O produtor João Pedro Oliveira Primo, da Campo Velo do Sul (SC), está experimentando o uso do sêmen da rubia gallega em seu plantel desde o ano passado, quando fez o cruzamento com a raça charolês. Ele espera ampliar o rendimento de carcaça de seu animal, que atualmente está próximo a 55%. As pesquisas iniciais de abate de animais cruzados mostram rendimento de carcaça de 57% a 64%. Na Galícia, o bovino chega a render 70%, informa o governo do país. Oliveira Primo também pretende ganhar um prêmio por estar produzindo carne de qualidade e com selo de garantia.

Todo o sêmen da rubia gallega no Brasil é vendido pela GMG, empresa de imigrantes e descendentes de galegos, que firmou parceria com o governo da Galícia para ser representante oficial da genética do gado daquela região da Espanha. As primeiras mil doses de sêmen vieram no final de 2000 e foram aplicadas no rebanho da fazenda Mosquera & Grandal, da GMG.

Em Pernambuco, o governo pretende investir fortemente no cruzamento de gado leiteiro. Miramontes diz que o uso da raça frisona fez com que a qualidade do leite na Galícia aumentasse. No entanto, ele diz que os resultados, no Brasil, só poderão ser verificados dentro de cinco anos.

Desde então, o governo da Galícia, por meio da GMG, doou 22 mil doses de sêmen para Santa Catarina, Minas Gerais e Pernambuco, além de comercializar outras 25 mil doses para 12 estados do Sul, Sudeste e Nordeste.

Eduardo Gomez Grandal, diretor comercial da GMG, explica que as experiências de cruzamento feitas em sua fazenda foram realizadas com animais de padrão médio e não de linhagens top de linha, seguindo a média do rebanho brasileiro. Para a obtenção dos resultados foram feitos sete abates, de animais entre seis e 36 meses. Segundo Grandal, a rubia gallega confere ao animal, no cruzamento, aumento do rendimento de carcaça - pois o bovino tem maior quantidade de carne - precocidade, com abate de animais aos seis meses de idade e qualidade da carne.

Grandal explica que tanto Santa Catarina quanto Pernambuco têm déficit de produção de carne e que, com o aumento do rendimento do animal, poderão diminuir essa diferença. Segundo Grandal, Santa Catarina precisa comprar anualmente 60 mil toneladas de carne e Pernambuco, 90 mil toneladas.

Além do projeto com os governos, a GMG vende o sêmen para produtores que já estão abatendo os animais comercialmente. Segundo Grandal, cinco pecuaristas de São Paulo têm abatido 40 animais a cada 15 dias para o abastecimento da Butique Santa Bárbara, na capital paulista, e da rede de hotéis Meliá. Todo produto é rastreado e tem selo de garantia da raça. "Pode-se obter preço até 15% maior que a média de mercado", afirma Grandal.

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