Negociadores brasileiros cobram de Bruxelas ganhos nas exportações. O governo brasileiro prepara um estudo sobre o impacto da reforma da Política Agrícola Comum (PAC), que pretende brandir em encontro bilateral com a União Européia na semana que vem em Genebra.
Os representantes brasileiros persistem em cobrar de Bruxelas ganhos concretos que suas exportações agrícolas, para então se engajar nas barganhas envolvendo outros temas nas negociações globais na Organização Mundial de Comercio (OMC).
Risco de acordo
O encontro da semana que vem foi pedido pelo Brasil, que como a maioria dos outros países temem o risco de um acordo entre a UE e os Estados Unidos que pode favorecer principalmente os interesses dos dois grandes.
A questão agrícola continuou dominando a agenda da OMC, na última sessão do comitê de negociações comerciais antes da conferência de ministros em Cancun, em setembro.
O México que, como país anfitrião, presidirá a conferência de Cancun, foi especialmente duro ontem.
"Estamos perdendo tempo aqui. Não se pode esperar para tomar decisões só em Cancun, porque não vai dar certo. Os EUA e a União Européia tem que começar a negociar, para deslanchar as outras discussões", cobrou o embaixador mexicano Eduardo Mota.
O embaixador brasileiro Luiz Felipe de Seixas Corrêa acrescentou: "Já estamos em Cancun, temos que decidir sobre agricultura, produtos industriais, temas de Singapura (investimentos, concorrência, facilitação de comércio, compras governamentais) e temas de implementacão".
Teatro diplomático
Já o Japão, um dos membros do bloco protecionista na agricultura, reclamou que a Austrália, país líder do grupo de Cairns, "está pedindo a lua".
Um negociador acha que no final vai sair algum pacote em Cancun "porque ninguém quer o suicídio coletivo". Nos últimos dias, em todo caso, o teatro diplomático prosseguiu sem qualquer avanço, mas com crescente frustração.