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Granizo destrói lavouras de fumo em Santa Catarina

Um levantamento preliminar da Associação dos Fumicultores do Brasil, filial de Araranguá, revela que a metade dos agricultores teve perdas totais


A queda de granizo na manhã da última sexta-feira (21-09) trouxe sérios prejuízos aos produtores de fumo de dois municípios do Sul do Estado. Pelo menos 60 fumicultores de Nova Veneza e de Morro Grande tiveram perdas na lavoura. Um levantamento preliminar da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), filial de Araranguá, revela que a metade dos agricultores teve perdas totais. Ainda não foi calculado o valor do prejuízo, mas a área atingida ultrapassa os 200 hectares.

O agricultor Domingos Mezari, de 52 anos, do bairro São Francisco, de Nova Veneza, já estava com tudo pronto para começar a co- lheita da safra deste ano nos próximos dez dias quando viu todo o trabalho ir “por água abaixo” em apenas cinco minutos de granizo. Dos 70 mil pés de fumo plantados em cinco hectares de terra, não sobrou nem um sequer para contar a história. A pedra destruiu completamente toda a produção.

O prejuízo ultrapassa os R$ 20 mil. Mesmo tendo pago o seguro da lavoura, boa parte dos investimentos não serão cobertos. "É triste perder tudo. Estava tão contente porque a safra seria boa, quando vejo todo o meu trabalho ser destruído em poucos minutos." Segundo Mezari, calculava-se que a safra deste ano fosse ultrapassar as mil arrobas de fumo, o que poderia render até R$ 70 mil para a família. "Daria para pagar as despesas, pagar o financiamento do trator e das duas estufas e ainda sobrar um bom dinheiro", diz. O produtor financiou os dois pavilhões usados para a secagem do produto, sendo que faltam ainda três anos para quitar o empréstimo. Por ano, ele paga R$ 5 mil pelos investimentos.

Perda total:

Em 23 anos que se dedica ao plantio do fumo, Mezari conta que é a primeira vez que teve toda a produção perdida. "Já me deparei com diversas tempestades, mas como aquela de sexta-feira foi a primeira vez. O temporal se formou muito rápido. A pedra caiu sem chuva. Era grossa e em grande quantidade", lembra.

Com a safra completamente perdida, Mezari aguarda apenas a visita de técnicos da companhia - procedimento necessário para receber a indenização do seguro - para plantar milho. "Até daria tempo de replantar fumo, mas como já está tarde para isto, correria o risco de ter mais prejuízos, já que a produção seria de pouca rentabilidade."

O engenheiro agrônomo da Epagri de Nova Veneza, Paulo Roberto da Costa Nunes, diz que as comunidades de Vila Maria, São Francisco e Linha Zoche foram as mais prejudicadas. Oito produtores tiveram perdas parciais ou totais em aproximadamente 40 hectares de área cultivada. Ontem, técnicos da Epagri visitaram as lavouras atingidas. As plantações de arroz e de milho não foram prejudicadas.

Levantamento sai até amanhã:

O coordenador técnico da Associação dos Fumcultores do Brasil (Afubra), em Araranguá, Guido Ripplinger, acredita que o levantamento completo sobre os prejuízos nas lavouras de fumo esteja concluído até amanhã. Ele não soube precisar o número de produtores, mas informa que muitas das propriedades atingidas pelo granizo não estavam cobertas por seguro. "Tem produtores que deixam para fazer a inscrição no início da co- lheita da safra. Como ela estava quase começando, tem produtor que está desassistido".

Quanto à liberação do seguro, Ripplinger informa que o dinheiro - referente até 65% do valor comercial do produto - será liberado durante a co- mercialização da safa, ou seja, apenas no final do ano ou início do próximo. Já aqueles que possuem financiamentos com as companhias fumageiras, existe a possibilidade de os produtores esticarem o prazo para quitarem as dívidas. "Vai depender do acordo entre produtor e companhia e da situação financeira de cada um", acredita.

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