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Greening: a pior doença dos citros no mundo

Doença é de difícil controle e rápida disseminação, altamente destrutiva aos pomares


Também conhecido como huanglongbing (HLB), o Greening é uma doença com provável origem na China. É considerada a pior doença dos citros no mundo, em função da dificuldade de controle, da rápida disseminação e por ser altamente destrutiva aos pomares. Hoje, a produção de citros na Ásia e na África é severamente afetada por esta doença.

O agente causador é uma bactéria que apresenta crescimento limitado ao tecido condutor de seiva elaborada (floema). Antes do aparecimento no pais, as formas conhecidas da doença eram duas, uma associada a forma asiática (Candidatus Liberibacter asiaticus) e a outra associada a forma africana (Candidatus Liberibacter africanus). Provisoriamente, a nova forma da bactéria está sendo denominada como Candidatus Liberibacter spp., mas já há a proposição de que a nova forma desta doença seja chamada de forma americana e a bactéria denominada Candidatus Liberibacter americanus.

A doença é caracterizada por provocar desfolha, seca e morte de ramos. Os frutos apresentam maturação irregular, redução do tamanho, deformação e queda intensa. Não existe variedade comercial de copa ou porta-enxerto imune. A bactéria se espalha por toda a planta a partir do ramo afetado, sendo que, quando os sintomas aparecem nas extremidades da copa, a bactéria já pode estar alojada bem abaixo no tronco, impedindo a distribuição da seiva.

A transmissão das formas africana e asiática ocorre por vetores, que são duas espécies de psilídeos: Trioza erytreae, que ocorre na África; e Diaphorina citri, que é encontrada na Ásia, na África e também nas Américas.
A doença foi constatada pela primeira vez em 2004, em diferentes municípios de São Paulo, quando alguns citricultores relataram ao Fundecitrus que plantas de seus pomares apresentavam sintomas por eles desconhecidos. Formou-se, então, um grupo de pesquisas visando identificar o agente causal destes sintomas.

Este grupo concluiu que os sintomas estavam relacionados com o Greening. Além disto, as pesquisas apontaram a existência de duas formas de Greening nas regiões onde os sintomas apareceram, já que foram detectadas bactérias distintas nas amostras coletadas. Pesquisadores do Fundecitrus e do INRA (França) descobriram nas plantas doentes uma bactéria diferente das causadoras das formas asiática e africana do Greening, mas que tem mais de 93% de similaridade com essas duas formas conhecidas. A nova bactéria foi batizada de Candidatus Liberibacter americanus.

Já o Centro APTA Citros "Sylvio Moreira" constatou, em plantas doentes, a presença da bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus, agente causal da forma asiática do Greening. Reforçando os resultados, a Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq/USP) detectou dentro do floema de planta doentes bactérias sem forma definida, característica das bactérias do grupo das causadoras do Greening.

Sintomas do Greening

O sintoma inicial do greening geralmente aparece em um ramo ou galho, que se destaca pela cor amarela em contraste com a coloração verde das folhas dos ramos não afetados. As folhas apresentam coloração amarela pálida, com áreas de cor verde, formando manchas irregulares (mosqueadas). Em alguns casos observa-se engrossamento e clareamento das nervuras da folha, que ficam com aspecto corticoso.

Com a evolução da doença, há intensa desfolha dos ramos afetados e os sintomas começam a aparecer em outros ramos da planta, tomando toda a copa, inclusive com o surgimento de seca e morte dos ponteiros.
Em plantas novas afetadas pelo Greening, em alguns casos, não se observa folhas com mosqueado típico. Nessas, o sintoma se caracteriza pelo amarelecimento generalizado das folhas.

Os frutos apresentam aspecto deformado e assimétrico, além de pequeno tamanho e intensa queda. Na inserção com o pedúnculo surgem filetes alaranjados, que podem ser observados ao cortar-se um fruto afetado no sentido longitudinal. A parte branca da casca (albedo), em alguns casos, apresenta um espessura maior que o normal. É comum a ocorrência de sementes abordadas, pequenas e de coloração escura. Pode ocorrer maturação irregular interna do fruto, onde um dos lados apresenta-se maduro (amarelo) e o outro ainda verde. Na casca podem aparecer pequenas manchas circulares verde-claras que contrastam com o verde normal do fruto.

Forma de transmissão

No Brasil, as bactérias são transmitidas pelo psilídeo Diaphorina citri, que é um pequeno inseto de coloração cinza e com manchas escuras nas asas que mede de 2 a 3 milímetros de comprimento. Esse inseto é comum nos pomares brasileiros, se hospedando em todas as variedades cítricas e, também, na planta ornamental conhecida como falsa murta (Murraya paniculata).

Permanece nas folhas e ramos numa inclinação de 45 graus, uma característica peculiar que ajuda no seu reconhecimento. Os adultos dos psilídeos se alimentam tanto em folhas maduras como em brotos novos. A ovoposição, entretanto, ocorre somente em brotos novos, local onde as ninfas se desenvolvem. Uma vez que o inseto adquiriu a bactéria, mesmo no estágio ninfa, nunca mais a perde.

Outra forma de transmissão da doença é o uso de borbulhas de plantas doentes, que originam mudas contaminadas, importante meio de disseminação a longas distâncias.

Controle

Embora no início, as pesquisas já apontam algumas formas de controle que são baseadas nas formas de Greening asiática e africana, não havendo ainda certeza de como estas medidas surtirão efeito na nova versão da doença que apareceu no pais.

As principais medidas sugeridas são:

- Realização de inspeções constantes, planta a planta, pelo menos quatro vezes por ano;

- Eliminação das plantas doentes, assim que forem constatados os primeiros sintomas da doença, para que as plantas infectadas não sirvam de fonte de contaminação para outras plantas da mesma propriedade e dos vizinhos. A poda não funcionar para o Greening em função da forma de circulação da agente causador nas plantas, através do floema;
 
- Monitoramento e controle de Diaphorina citri - O inseto apresenta aumento da população em cada fluxo vegetativo da cultura, atingindo o pico no fim da primavera ou início do verão. O monitoramento pode ser realizado por meio de armadilhas adesivas amarelas e pela observação de brotos novos. As armadilhas devem ser posicionadas em pontos estratégicos da propriedade para monitorar a entrada e movimento do vetor. Devem ser vistoriados de 3 a 5 ramos novos por planta, observando a presença de ovos, ninfas e/ou adultos. O controle químico, com a aplicação de inseticidas, deve ser realizado quando for observada a presença do vetor em pelo menos 10% dos brotos. Diversos inseticidas aplicados no solo, no tronco ou na parte aérea podem ser utilizados;

- Aquisição de mudas sadias, produzidas em viveiros protegidos, que sigam a legislação fitossanitária.

Os sintomas do Greening também podem ser confundidos com os de deficiências de nutrientes como zinco (manchas amarelas uniformes, folhas pequenas e estreitas, retorcidas, além de clorose acentuada do limbo entre as nervuras), magnésio (aparecimento de amarecimento em “V” invertido), manganês (cloroses entre as nervuras), cobre (folhas dos ponteiros ficam de cor amarelada) e até com doenças como CVC (manchas amarelas e irregulares espalhadas na frente e de cor palha nas costas das folhas) e gomose (folhas amareladas, com a nervura central mais clara). É preciso saber diferenciar os sintomas para reconhecer a doença no campo.

A doença avança rapidamente é já foi possível identificá-la em diversos municípios de São Paulo e Minas Gerais (resultados confirmados por meio de PCR). Espera-se que a pesquisa produza dados confiáveis e aponte formas de controle que possam ajudar a combater esta grave doença.

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