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Greenpeace critica MP que libera a soja transgênica


Manifestantes do Greenpeace fizeram ontem, um protesto, em frente ao Congresso Nacional, contra a Medida Provisória que liberou a comercialização de soja transgênica produzida no sul do Brasil.

Os manifestantes chegaram carregando uma faixa e placas contra a decisão do governo. Na frente do grupo, um trator descia a pista que dá acesso ao Congresso Nacional. O protesto pacífico pegou de surpresa a segurança da Casa, que não teve como impedir a manifestação.

Os integrantes do grupo enfileiraram as placas em frente à rampa do Congresso. Depois disso, o trator trazido por eles derrubou os pedaços de madeira que simbolizavam a opinião pública, o ambiente e o Conselho de Segurança Alimentar.

A coordenadora da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace, Mariana Paoli, disse que o protesto é uma forma de pressionar os deputados, que terão de votar a MP provavelmente na próxima semana. "Essa MP tenta legalizar uma ilegalidade", disse.

O volume de soja transgênica colhida no sul do Brasil levou o governo a rever a questão da destinação do produto. À princípio havia forte resistência política à colocação desses grãos no mercado. Porém, com o aumento da descoberta de lavouras clandestinas de organismos modificados geneticamente, o Planalto não encontrou outra saída, senão a sua liberação.

Ambientalistas lamentam que o governo dê à soja transgênica tratamento restrito ao campo dos interesses comerciais, sem levar em consideração a questão ambiental e possíveis riscos desse produto para consumo humano e animal.

Para a safra agrícola 2003/4, o governo apertará o cinto para impedir novos cultivos da soja transgênica ou Maradona - em alusão à sua origem argentina. Uma das medidas adotadas pelo Banco do Brasil - principal agente financeiro da agricultura - será a exigência de certificação da origem da semente, para se impedir que se repita o que ora ocorre.

No entanto o governo não terá os mesmos instrumentos que disporá junto ao Banco do Brasil, para controlar o financiamento feito aos agricultores pelas trades que atuam na área agrícola. Essas grandes compradoras de soja trabalham sobretudo na base do escambo - a troca de insumos por grãos.

Independentemente do cerco aos mutuários do Banco do Brasil e da maior flexibilidade que poderá ocorrer em relação ao escambo com as trades, o Ministério da Agricultura fiscalizará com rigor o cultivo de soja tanto no sul quanto nas demais regiões, para fazer cumprir a legislação em vigor que proíbe o plantio de lavouras comerciais com soja transgênica.

Em Mato Grosso não há comprovação oficial de cultivo comercial de soja transgênica, mas a Delegacia Federal da Agricultura está "atenta", e deverá efetuar diligências a algumas áreas onde denúncias - ainda sem comprovação - apontavam que tais lavouras teriam sido plantadas.

No ano passado, fiscais do Ministério da Agricultura visitaram fazendas alvo de denúncias, mas quando do desencadeamento dessas operações não se conseguiu colher provas materiais, já que foram realizadas após a colheita.

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