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Greve nos portos da Bahia segue por tempo indeterminado

A paralisação dos trabalhadores portuários da Companhia Docas da Bahia (Codeba) entrou em sua segunda semana sem uma perspectiva de acordo


A paralisação dos trabalhadores portuários da Companhia Docas da Bahia (Codeba) entrou em sua segunda semana sem uma perspectiva de acordo. Com isso, 50% do efetivo segue atuando nos portos de Aratu, Ilhéus e Salvador, informa o Sindicato Unificado dos Trabalhadores nos Serviços Portuários da Bahia (Suport/BA). Por sua vez, o presidente da Codeba, Newton Dias, garante que 90% dos 300 profissionais da estatal estão trabalhando normalmente nos portos. Desencontros a parte, o fato é que os portos baianos saem perdendo mais uma vez nessa disputa salarial.

Uma definição sobre a greve deve ocorrer somente em 13 de agosto, data marcada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da Bahia para o julgamento do dissídio coletivo. Antes disso, a paralisação só será encerrada se as duas partes chegarem a um acordo, o que fica mais difícil a cada dia, informou o presidente do Suport/BA, Ulisses Souza Oliveira Júnior. Ele diz que a categoria se mostra disposta a negociar uma solução para o impasse que envolve o corte das horas extras dos 110 guardas portuários.

“A gente achou que um acordo poderia surgir nas reuniões realizadas na última quarta-feira (22). Mas, tanto no Ministério Público do Trabalho quanto no Tribunal Regional do Trabalho, a Codeba não atingiu a nossa expectativa e a única saída era manter a paralisação. Eles ficaram de passar uma planilha de cargos e salários e vamos analisá-la com critério. A data agendada pelo TRT para o julgamento do dissídio é distante sim, mas vamos até o fim tentar abrir os canais de negociação. O que não queremos é ver o portuário prejudicado”, garantiu Ulisses.

Enquanto isso, o Suport/BA tenta caçar uma liminar que o obriga a manter 50% do pessoal trabalhando e não promover manifestações que possam constranger direitos de terceiros e de empregados que não desejem aderir ao movimento, ou ainda ameaçar ou causar danos à propriedade ou pessoa. A multa para o descumprimento dessa decisão é de R$ 70 mil por dia. Nos dois primeiros dias da greve, 20 e 21 de julho, a liminar ainda não estava em vigor e o trânsito nos arredores do Porto de Salvador ficou um caos, com grandes filas de caminhões.
“Essa polêmica vem de um acordo que firmamos em 2002 com a Codeba. A gente trabalha 12 horas por dia desde 2002, com seis horas normais mais seis extras, para garantir um ganho mínimo aos funcionários. 80% dos que atuam 12h por dia têm como salário-base na carteira R$ 624,00. As 6h extras para eles são a garantia do sustento, do pagamento das contas da casa. E a Codeba quer cortar isso de uma hora para outra? Não pode e não aceitamos isso agora”, reafirmou o presidente do Suport/BA.

Por sua vez, a Codeba entende que a greve surgiu em um momento inoportuno, onde as cargas estão sumindo dos principais portos. A estatal garante que propôs a redução na jornada de trabalho dos guardas porque o Ministério Público do Trabalho pediu o fim das 12 horas diárias de serviço. Quanto ao corte das horas extras, ele seria menos sentido assim que a estatal aprovasse o novo Plano de Cargos e Salários (PCS). Difícil é saber quando o PCS entra em vigor. Enquanto isso, sobram críticas ao comando do sindicato dos trabalhadores.

“Temos uma greve com a qual a maior parte dos nossos funcionários não concorda e os portos operam com metade do efetivo. É um tiro no próprio pé, ainda mais em um momento de crise, quando as cargas rareiam. Temos pessoas abrindo mão de seus aumentos salariais para manter o emprego e na Bahia, está ocorrendo o contrário”, disse o diretor comercial da Docas, Antonio Celso Alves Pereira Filho.

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