Grupo Farias investe R$ 900 milhões em usinas de cana
O Grupo Farias parte para investimentos pesados, em busca da liderança no setor
O Grupo Farias, um dos maiores do setor sucroalcooleiro do Nordeste, parte para investimentos pesados, em busca da liderança no setor. No total, serão destinados R$ 900 milhões nos próximos anos em três novas usinas de açúcar e álcool - dos quais R$ 600 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste (BNB) e Banco da Amazônia (Basa). Segundo o diretor de planejamento estratégico do grupo, Ermor Zambello, o objetivo é aumentar o processamento de cana dos atuais 6 milhões de toneladas para 15 milhões/t em 2010.
Além da recém-adquirida Usina Álcool Verde, em Capixaba (AC), comprada do governo acreano, o grupo investe em duas novas unidades: nas usinas Taquarituba, no município paulista de mesmo nome, e Bom Sucesso, em Goiatuba (GO). As três unidades entrarão em produção em 2008.
"O investimento envolve a parte industrial e agrícola das novas unidades, além da melhoria das fábricas e aumento da área plantada nas unidades já existentes", diz Zambello. "Também investimos em recursos humanos e tecnologia da informação para centralizar a administração e as finanças de todas as usinas", disse.
Além das três novas usinas no Acre, Goiás e São Paulo, o grupo controla usinas nos municípios de Cortês (PE), Bahia Formosa (RN), Itapaci, Itaporanga e Anicuns (GO) e Rio das Pedras (SP).
Segundo Zambello, o grupo pretende se "estabilizar" com a moagem de 30 milhões de toneladas de cana, em 2015. Para atingir esta marca, o Grupo Farias tem planos de adquirir ou investir em novas unidades em Goiás e Maranhão. A intenção, segundo Zambello, é exportar álcool para a Ásia por meio do porto de Itaqui (MA) ou por meio da estrada que liga o Acre ao Peru e que dará acesso ao Oceano Pacífico.
Com faturamento de R$ 700 milhões anuais e dívida de longo prazo de R$ 35 milhões, o Grupo Farias tem baixo índice de endividamento, de 5%, em comparação com a média de 35% do setor sucroalcooleiro. "Podemos contar com financiamentos para crescer", diz Zambello.
O Grupo Farias, originário de Pernambuco, começou a expandir seus domínios na região Centro-Sul do País nos anos 90. Fundado por Antônio Farias, senador falecido em 1988, o grupo hoje é comandado por seu filho Eduardo Farias. As usinas são controladas pela holding Vale Verde Empreendimentos Agrícolas Ltda.
Em entrevista anterior a este jornal, Eduardo Farias disse não acreditar no modelo de produção de cinco milhões ou seis milhões de toneladas de cana por safra, "pois tem-se de buscar matéria-prima muito longe, e o transporte da cana, uma carga de baixa densidade, é muito caro". Segundo ele, a distância máxima do canavial à usina não pode ultrapassar os 50 quilômetros, "desde que a distância média não passe de 25 quilômetros", acredita.
Atento às evoluções dos mercados internacionais do açúcar e do álcool, o Grupo Farias investiu na gestão flexível de produção, podendo redirecionar a produção das usinas para o produto de maior rentabilidade e demanda.
O Grupo Farias também diversificou os negócios nos últimos anos. Além de usinas, possuiu concessionárias de veículos, além de investimentos em pecuária (com fazendas em Pernambuco e Paraíba), fruticultura (210 mil pés de coco no Rio Grande do Norte) e preservação ambiental. Neste segmento, o grupo preserva o maior remanescente de Mata Atlântica sobre dunas do País, a Mata Estrela, no Parque Florestal Senador Antônio Farias, com 1,8 mil hectares à beira-mar e 12 km, no Rio Grande do Norte.