Grupo Maggi implanta programa ambiental

O Grupo André Maggi, um dos maiores produtores agrícolas do País, está investindo US$ 2,5 milhões num grande projeto de sistema de gestão ambiental e social. O objetivo é se antecipar às tendências do mercado que a cada dia exige rastreabilidade e mercadorias com o conceito de produção sustentável aliadas às questões ambientais e sociais, informa Pedro Jacyr Bongiolo, diretor-presidente do grupo. O programa começou a ser instalado há pouco mais de um ano e tem a certificação da empresa holandesa Control Union e da Skal International, além da auditoria da SGS e Genetic ID. Segundo Bongiolo, o consumidor, sobretudo europeu e japonês, vem exigindo nos últimos anos produtos rastreados para evitar problemas como por exemplo os que ocorreram com a doença da "vaca louca" e a gripe de aves. "O mercado pede produtos elaborados sem prejuízos ao meio ambiente e de maneira sustentável", afirma ele. Novos investimentos Os investimentos nas questões de gestão ambiental e social começaram em 2002 e totalizaram US$ 1,5 milhão. Para este ano, a empresa vai investir mais US$ 1 milhão na continuidade do processo. Além do programa implantado na empresa, que envolve desde a produção agrícola, nas fazendas, até os armazéns, portos e outros, a Maggi só vai comprar daqui para a frente soja de produtores que passarem a se ajustar às normas estabelecidas. O grupo compra soja do mercado, esmaga e exporta, o que significa que será importante repassar aos produtores que são fornecedores de soja os novos conceitos de preservação ambiental, que envolve segurança no trabalho, segundo afirma o presidente da Maggi. Além de esmagar soja - neste ano, a expectativa é de que sejam processadas 1,1 milhão de toneladas -, a Maggi também financia produtores, que depois negociam a produção com o grupo. Por ano, cerca de US$ 120 milhões são destinados pela Maggi para o financiamento dos produtores, seja por meio da soja verde, venda antecipada, diz Bongiolo. Atualmente cerca de 650 produtores recebem o chamado pré-financiamento da safra para efetuar o plantio. A área de atuação do grupo abrange os estados de Mato Grosso, Rondônia e Amazonas, em produção agrícola, armazenamento e escoamento de safra por meio dos portos em Rondônia e também em Itacoatiara (AM). Segundo Ocimar de Camargo Villela, gerente de meio ambiente do grupo André Maggi, mais de 90% do programa de gestão ambiental e social já foi instalado e ele acredita que no próximo ano todo o sistema de gestão possa então obter a certificação ISO 14001. A idéia é fazer com que as fazendas sejam ambientalmente corretas. O controle de qualidade visa eliminar quaisquer tipos de contaminação nas fazendas, armazéns, portos, por meio de insetos, aranhas roedores, pragas e até agrotóxicos e "tem auditoria independente", diz Villela. Os produtores rurais vinculados à empresa - fornecedores de matéria-prima e os que recebem o pré-financiamento - vão receber um livro, o Guia do Meio Ambiente, com todas as normas e procedimentos necessários à preservação do meio ambiente e desenvolvimento adequado, diz Villela. Num segundo momento, o objetivo é que todos os agricultores no Mato Grosso e Rondônia recebam o manual. "Pretendemos imprimir 5 mil exemplares." Faturamento maior O faturamento do grupo André Maggi foi de US$ 532 milhões em 2003, o que significa aumento de 28% em comparação ao resultado de 2002, quando as vendas atingiram US$ 415 milhões, segundo informa Pedro Jacyr Bongiolo. O principal produto da empresa é a soja, tanto em produção quanto em esmagamento e exportação - de soja própria e de terceiros. O volume total de soja do grupo neste ano deverá oscilar entre 2,4 milhões e 2,5 milhões de toneladas. A área cultivada do grupo André Maggi neste ano totalizou cerca de 170 mil hectares, 21% a mais em relação aos 140 mil hectares registrados em 2003. Só em soja, a área cultivada foi de 113 mil hectares, 14 mil hectares de algodão e 41 mil hectares de milho da segunda safra (a chamada safrinha).