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Hormônio aumenta produção de leite


Pecuaristas recorrem ao medicamento para ter maior produtividade com o mesmo rebanho. As empresas Schering Plough Coopers e Monsanto têm ampliado as vendas de um hormônio, que injetado na vaca, reduz a perda da produção de leite do animal. "É uma ferramenta tecnológica cada vez mais difundida entre os produtores de médio porte", diz Juliana Rezende, gerente técnica de pecuária da Schering Plough.

O uso do hormônio somatotropina promove a persistência da produção de leite das vacas, sem a perda da produtividade. "Trata-se de um suplemento hormonal que provoca aumento de 20% da produção de leite", informa Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, entidade que reúne produtores. A aplicação do medicamento também diminui a oscilação dos custos da pecuária leiteira.

Potencial

De acordo com levantamento da Leite Brasil, há cerca de 1,5 mil produtores no Brasil com potencial para utilizar a tecnologia.

A Schering Plough produz o hormônio Boostin desde 1996. "A idéia é que a proteína seja injetada a cada 14 dias durante o período de lactação do animal, que dura dez meses", diz Juliana. A utilização dessa proteína natural proporciona aumento de produtividade na industria leiteira, o que possibilita aos produtores decidir entre aumentar a produção de leite sem ampliar o rebanho ou manter a produção, reduzindo o rebanho.

"O uso é indicado para produtores com qualidade razoável de alimentação e manejo adequado", diz Carlos André Amos, gerente de serviços técnicos da Elanco.

De acordo com os cálculos da Schering Plough, o uso da somatotropina permite a uma vaca produzir 5 litros de leite a mais por dia, o que significa uma produção de 70 litros em 14 dias. Este volume rende ao produtor R$ 28 (se for considerado um preço médio de R$ 0,40 por litro). As despesas com o hormônio e com alimentação extra somam R$ 17, o que possibilita um lucro de R$ 11 para o produtor. Um pecuarista com 50 vacas teria um lucro ao final de um mês de R$ 1,1 mil.

A Monsanto produz a Lactotropin, proteína distribuída pela Elanco no Brasil, com a mesma finalidade. Ou seja, segurar a queda da produção de leite das vacas, que no caso da raça holandesa fica em cerca de 10% ao mês. "Com o uso do hormônio é possível ampliar a produção de leite durante o verão, com ganhos de produtividade".

Amos cita como exemplo a produção da Batavo, no município de Castro, que envolve 68 fazendas. O custo de produção sem o uso da proteína é, em média, de R$ 0,35 por litro, para um preço de R$ 0,43 por litro pago ao produtor. Segundo ele, a utilização do hormônio vai requerer, por parte do produtor, investimentos em seringas e no aumento, em média, de 2 quilos diários na nutrição dos animais, o que significa elevar o custo para R$ 0,38 o litro.

"Para introduzir a ferramenta, o custo vai subir R$ 0,03, mas, como a produção será em maior volume, haverá diluição dos custos fixos, que ficarão, neste caso, entre R$ 0,33 e R$ 0,34 por litro", diz Amos. Ele afirma que uma fazenda com cerca de 100 animais - produção de 2 mil litros de leite por dia - sem o uso da proteína, vai gerar lucro de R$ 57,6 mil por ano. Com a proteína, o valor saltará para R$ 66,7 mil/ano.

A Elanco já distribui este produto para cerca de 150 grandes produtores de leite e tem expandido o uso da ferramenta.

Queda

No verão, período da safra de leite, os preços pagos ao produtor caem devido à maior oferta. A redução dos ganhos dos produtores derruba os investimentos no manejo e alimentação do rebanho. O uso de tecnologias que permitem manter os níveis de produção em altos volumes com redução dos custos é uma alternativa para manter o sistema eficiente o ano todo. "O uso é indicado para o período de formação das cotas de produção, ou seja, durante o inverno", diz Rubez. No verão, a produção de leite é 10% maior que no inverno.

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