O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) promove um ida-de-campo sobre as "Utilizações do Girassol na Pequena Propriedade Rural" com o objetivo de mostrar as possibilidades do girassol na ampliação de renda de pequenas propriedades rurais, através dos seus derivados. O evento será realizado amanhã (21-08) em Monte Alegre do Sul (SP).
Para os pesquisadores do IAC, o girassol oferece pelo menos três vantagens: produtos derivados, boa opção para a safrinha e melhoria do solo. Entre os derivados, estão o óleo para consumo humano e medicinal, mel de excelente qualidade, produção de silagem e forragem para alimentação animal, grãos para pássaros, tortas para compor rações em geral e ainda produz bom adubo verde.
O IAC tem variedades adequadas para todas essas finalidades: a IAC-Iarama, exclusiva para produção de óleo e mel, e a IAC-Uruguai, que além de excelente para silagem também pode ser usada na geração dos demais derivados. Além disso, a possibilidade de utilização do óleo bruto filtrado em motores diesel é estudado.
Segundo o IAC, o girassol é mais rentável que outras opções de safrinha, porque o custo de produção é mais baixo. De fevereiro a março, período da safrinha, de fevereiro a março, no caso de São Paulo. "O girassol é uma renda a mais na propriedade. Na safrinha, é um complemento à renda porque não desloca nenhuma outra cultura", afirma a pesquisadora do IAC, Maria Regina Gonçalves Ungaro,
Óleo para consumo
De acordo com a pesquisadora, somente com a torta para compor rações é possível cobrir cerca de 70% do custo de produção. O óleo para consumo humano é vendido a R$ 4 o litro, o grão para pássaro sai a R$ 2 o quilo. Se o produtor vender para o mercado de óleo industrial, vai obter entre R$ 0,60 e R$ 0,70 o quilo do grão. Com relação às despesas para o produtor, cada hectare custa US$ 160.
Outro resultado destacado pela pesquisadora são as melhorias causadas no campo, com o controle de ervas daninhas, reciclagem dos nutrientes e melhoria do solo. "Esse conjunto de benefícios resulta no aumento da produção da cultura seguinte - o milho apresenta aumento médio de 30% na produção, conforme verificação em ensaios realizados pelo IAC durante 10 anos", diz. Segundo ela, a soja tem aumento de 15%.
Segundo a pesquisadora, provavelmente outras culturas também se beneficiam com o plantio do girassol, mas não há levantamento científico acerca de outras plantas. Há, porém, depoimento de produtores a respeito do aumento de produção de algodão, por exemplo. "As raízes do girassol soltam substâncias tóxicas para as ervas daninhas, mas que não prejudicam outras cultivares", explica.
O girassol a vai bem em todo o Estado de São Paulo, com exceção do litoral. A produção paulista, que ainda não é grande, gira em torno de 10 mil hectares. Goiás, o maior produtor, soma 60 mil hectares, aproximadamente. O desenvolvimento e a produção de girassol requer bom suprimento de água no solo no período da germinação das sementes ao início do florescimento. Após a formação dos grãos, é favorecida por período seco.
Os solos mais indicados para a produção de girassol são os de textura média, profundos, com boa drenagem, razoável fertilidade e pH de moderadamente ácido a neutro. Solos leves ou pesados podem também ser usados se não houver impedimento para o desenvolvimento do sistema radicular. A colheita pode ser totalmente mecanizada ou semi-mecanizada e ocorre de 100 a 130 dias após o aparecimento da planta.
Na opinião de Regina Ungaro, o ideal para o pequeno produtor é que ele se associe a outros para adquirir uma miniprensa e poder extrair óleo para alimentação humana e animal e também produzir a torta. O equipamento processa 40 quilos de grãos por hora e cada hectare rende cerca de duas toneladas de grãos. Daí a necessidade de que os agricultores façam o cálculo do uso da miniprensa e avaliem qual o tamanho do grupo de produtores que o equipamento de extração pode atender.
Agosto
O girassol é uma planta originária das Américas, que foi utilizada como alimento, pêlos índios americanos, em mistura com outros vegetais. No século 16, o girassol foi levado para a Europa e Ásia, onde era utilizado como uma planta ornamental e como uma hortaliça. Foi na União Soviética que o melhoramento de girassol, para produzir genótipos com altos teores de óleo, teve o início.
Desde então, com o crescimento do consumo de óleo comestível, a produção mundial tem evoluído, sendo liderada pela União Soviética, Estados Unidos, Argentina e China. Atualmente, o girassol ocupa o quarto lugar como óleo comestível, seguido da soja, palma e canola. Em 2002 o Brasil plantou 90 mil hectares de girassol.