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Iapar pesquisa sementes para produção de alimentos mais nutritivos

Culturas, como o arroz, trigo, milho e mandioca, também estão em análise


O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) está investindo no desenvolvimento de sementes para produção de alimentos com maior valor nutritivo. A linha de pesquisa, que atende à crescente busca por alimentos capazes de beneficiar a saúde do consumidor, está entre as principais do instituto no momento em que completa 40 anos, consolidando uma história de pioneirismo e contribuição para o desenvolvimento regional.


De acordo com a pesquisadora Vania Moda Cirino, a pesquisa dos chamados alimentos nutracêuticos – que têm capacidade de proporcionar benefícios à saúde – pode gerar renda para o agricultor, já que este é um mercado em crescimento. “A partir de cruzamentos genéticos entre espécies de sementes é possível obter um alimento com maior teor de substâncias nutritivas e ofertar um produto mais saudável”, explicou.

Segundo ela, já são encontradas nas prateleiras dos supermercados algumas variedades de feijão com 10% a mais de teor de ferro e fibras. A meta é aumentar nos próximos anos este índice para 20%. “A partir das pesquisas verificamos que os nutracêuticos reduzem o teor de glicose na corrente sanguínea e a incidência de alguns tipos de câncer, como o de cólon do útero e de intestino”, disse Vania.

A pesquisa para obter alimentos com melhor qualidade nutricional, a Bioforticação de Alimentos Básicos (Bioforta) foi iniciada pelo Iapar com o feijão, em 2003. Atualmente outras culturas, como o arroz, trigo, milho e mandioca, também estão em análise. “A nossa preocupação é ampliar os nutrientes de alimentos que formam a base alimentar da população brasileira”, afirmou Vania. O Iapar é o maior fornecedor nacional de sementes do feijão preto do tipo Irapuru e um dos principais para o Estado.

RESPONSABILIDADE – O secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, disse que as pesquisas do Iapar têm contribuído ao longo de décadas para garantir renda e qualidade de vida aos produtores e que o governo estadual está apoiando uma reestruturação do órgão. Ortigara lembrou que nesta semana foi anunciada a contratação de 160 profissionais para o instituto.

“Vivemos em um mundo globalizado, em permanente transformação e em contínua geração de novas necessidades. Precisamos proteger nossos recursos naturais e garantir que os consumidores dos produtos paranaenses de todo o mundo tenham um alimento seguro”, afirmou.

O presidente do Sistema Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette, destacou que o Iapar ofereceu inestimáveis contribuições para o desenvolvimento da economia rural e do Paraná. “As unidades do instituto, seus mestres, doutores e funcionários souberam, nessas quatro décadas, acompanhar as profundas transformações no campo, e certamente repetirão esse comportamento no futuro”, disse.

“Se o Paraná é considerado estado modelo na adoção tecnológica na agricultura, em muito devemos ao Iapar, que permitiu que a transferência tecnológica chegasse até as mãos dos agricultores, ajudando o Estado a bater recordes sucessivos de produtividade e produção”, disse João Paulo Koslovski, presidente do Sistema Ocepar, que representa cooperativas e sindicatos de cooperativas agrícolas.


PESQUISA – O Instituto Agronômico do Paraná está vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) e foi criado em 29 de junho de 1972. A idéia de um centro de pesquisas começou a tomar forma na segunda metade da década de 1960, por intermédio da mobilização e esforço de técnicos, produtores e lideranças políticas e do próprio setor produtivo.

O Iapar começou a operar em 1974. Sua primeira publicação, o “Manual Agropecuário do Paraná”, trazia um amplo inventário do conhecimento então disponível no Brasil sobre lavouras e pecuária, com indicações de sua aplicação às condições de solos e clima do Estado.

O instituto desenvolve atualmente 14 programas de pesquisa: agroecologia, agroenergia, algodão, café, cereais de inverno, culturas diversas, feijão, fruticultura, manejo do solo e água, milho, produção animal, propagação vegetal, recursos florestais e sistemas de produção.

Nesses programas são realizados 252 grandes projetos de investigação científica, que implicam a condução de mais de 600 experimentos de campo espalhados por todo o Estado. O trabalho é realizado em estações experimentais próprias e também em parcerias com cooperativas, associações de produtores, universidades e outros centros de pesquisa.

ESTRUTURA - O Iapar tem sede em Londrina e está presente em todo o Paraná, com cinco unidades regionais de pesquisa (Curitiba, Ponta Grossa, Paranavaí, Pato Branco e Santa Tereza do Oeste), 19 estações experimentais e quatro unidades de beneficiamento de sementes.

São 25 laboratórios de diferentes áreas de especialidade e 23 estações agrometeorológicas (também utiliza dados de 37 estações do Sistema Meteorológico do Paraná - Simepar). Mantém ainda um centro de treinamento equipado com auditório e alojamento em Londrina.

O instituto tem cerca de 700 funcionários, sendo 111 pesquisadores: 53 mestres e 58 doutores.

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