IMA e Ministério fiscalizam alimentação de ruminantes em MG
Alimentar ruminantes utilizando subprodutos de origem animal já era proibido desde 2004
O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e a Superintendência Federal de Agricultura de Minas Gerais (SFA/MG - Sedesa) começaram a trabalhar juntos, desde o último dia 9, na fiscalização de alimentos de ruminantes (bovinos, bubalinos, caprinos e ovinos) em estabelecimentos de criação e na destinação desses animais que tiveram acesso a alimentos feitos com subprodutos de origem animal.
A ação conjunta teve início após o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)publicar a Instrução Normativa (IN) nº 41, de 8 de outubro de 2009, que visa prevenir doenças causadas pela ingestão desse produto. O IMA já inspecionava constantemente produtores rurais visando a não utilização de subprodutos de origem animal na alimentação dos ruminantes. A Sedesa realizava coletas para análises laboratoriais.
Alimentar ruminantes utilizando subprodutos de origem animal já era proibido desde 2004, após a publicação da IN nº 8 de 25 de março. Porém, agora, caso o uso seja constatado, os animais serão interditados e o produtor não será indenizado, o que vai gerar um prejuízo para ele.
Por isso, o IMA alerta os produtores para que verifiquem, antes de alimentar seus animais com ração, concentrados e suplementos protéicos, se no rótulo destes produtos não se encontram os dizeres: “uso proibido na alimentação de ruminantes”. Também é importante guardar os comprovantes e notas fiscais de aquisições de concentrados, suplementos protéicos e também matérias-primas (caso a ração seja preparada na propriedade).
Uma dupla formada por um técnico do IMA e um da Sedesa vão até as propriedades rurais e caso as rações utilizadas na alimentação dos animais não tenham registro no Mapa, ou seja, forem produzidas no próprio local ou em algum outra propriedade, será feito um teste de triagem. Trata-se de um kit importado pelo Mapa que acusa a presença se subprodutos de origem animal.
Se o resultado for positivo no teste de triagem, serão coletadas amostras para análises laboratoriais e se comprovado, os animais deverão ser identificados com brincos e permanecerão interditados até que saia o resultado da contraprova, caso tenha sido solicitado pelo produtor. Se esta confirmar a presença de subprodutos de origem animal na alimentação dos ruminantes, eles serão encaminhados para frigoríficos do Sistema de Inspeção Federal (SIF) ou serão sacrificados na própria propriedade.
O trabalho será intensificado nas épocas de seca, pois nesse período é mais comum que haja uma complementação na alimentação dos animais.
O diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, acredita que prevenir é sempre a melhor opção no que diz respeito à sanidade animal no Estado. “Quando se trata de um rebanho de 22,5 milhões animais, todo o cuidado é pouco. As ações peventivas visam, principalmente, à manutenção do reconhecimento que Minas conquistou pela seriedade dos trabalhos desempenhados na área da saúde animal”.
Subprodutos de origem animal
Cama de aviário (ou cama de frango), dejetos de suínos, sangue e derivados, farinha de sangue, de carne e ossos, de ossos autoclavados, de resíduos de açougue e qualquer produto que contenha, em sua composição, proteínas e gorduras de origem animal e, ainda, são subprodutos de origem animal proibidos na utilização da alimentação de ruminantes. No entanto, estes produtos podem ser utilizados de maneira legal como adubo, na agricultura.
O principal motivo da proibição é o risco que seu uso traz para a sanidade do rebanho nacional. Dentre as doenças que podem decorrer de seu uso estão o Botulismo e a Encefalopatia Espongiforme Bovina, popularmente conhecida como doença da “Vaca Louca”.
O Botulismo é uma doença causada pela ingestão da toxina do Clostridium botulinum que pode ser encontrada no meio ambiente, em ossos, fezes e até mesmo no tubo gastrointestinal de animais mortos. O botulismo causa paralisia muscular do animal, levando-o invariavelmente à morte.
Já a “Vaca Louca” pode ser transmitida por meio de uma proteína chamada prion, presente na farinha de carne e ossos de animais infectados. Esse material pode estar presente na cama de frango, visto que restos de ração caem na cama quando as aves se alimentam, e ao ser adicionado na alimentação de bovinos eles são infectados.
A ação torna-se ainda mais relevante porque o consumo de produtos de origem animal provenientes de bovinos tratados com cama de frango também representa risco para a saúde humana.