Impactos das chuvas ainda são contabilizados no trigo

De acordo com estimativas do World Agricultural Production (WAP) Circular do USDA, a produção de trigo no Brasil está projetada em 8,4 milhões de toneladas (mi ton), uma redução significativa de 1,0 mi ton (11%) em comparação ao mês anterior e uma queda de 21% em relação ao MY 2022/23. Esta diminuição é notavelmente preocupante, considerando que a área colhida aumentou para 3,47 milhões de hectares (mi ha), um aumento de 2% em relação ao mês anterior e de 12% em relação ao ano anterior. No entanto, o rendimento estimado caiu para 2,42 toneladas por hectare (t/ha), uma redução de 12% desde o último mês e impressionantes 29% abaixo do recorde do ano passado.

O processo de colheita está praticamente concluído, e apenas o estado de Santa Catarina ainda possui uma área significativa a ser colhida, com uma pequena porção restante no Rio Grande do Sul. 

Os últimos três meses foram os mais chuvosos já registrados no sul do Brasil, região que concentra a maior parte do cultivo de trigo no país. A safra de trigo nos três estados do sul foi significativamente impactada, com relatos de acamamento, perdas de flores e doenças foliares, uma vez que as condições encharcadas dos campos impediram a entrada de pulverizadores para aplicação de tratamentos.

No estado do Rio Grande do Sul, responsável por 39% da produção total de trigo do país, mais de 800 milímetros de chuva foram registrados durante os últimos três meses, período em que a cultura estava florescendo e enchendo grãos. 

A produção neste segundo maior estado produtor de trigo foi reduzida em mais de 35% em relação às expectativas iniciais. No Paraná, o maior estado produtor de trigo do Brasil (44% da produção total), a produção foi reduzida em quase 20% em relação às previsões iniciais da agência estadual SEAB/DERAL. Da mesma forma, o estado de Santa Catarina também reporta perdas superiores a 27%.