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Independência: Pecuaristas querem a falência de frigorífico

O grupo tem uma assembleia em São Paulo com os credores de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul


Os pecuaristas mato-grossenses devem apoiar o decreto de falência do frigorífico Independência caso o grupo não cumpra o Plano de Recuperação aprovado em 2009, e que desde setembro do ano passado não vem sendo executado pela empresa. Nesta segunda-feira (15) o grupo tem uma assembleia em São Paulo com os credores de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, na qual deverá confirmar a última proposta feita, na qual apenas 10% do saldo devedor seria liquidado e os demais 90% seriam "perdoados".


Revoltados com a situação, os empresários rurais preferem que a empresa tenha a falência decretada pela Justiça, como é o caso do pecuarista de Canarana (a 823 km da Capital), Marcos da Rosa. Com um prejuízo direto de R$ 90 mil, ele avalia que é melhor acabar com o Plano de Recuperação, "que é perverso", principalmente com os fornecedores. "Já são 2 anos e nada é resolvido. Foram gastos, sacrifícios e agora chegamos à conclusão que é melhor absorver e denunciar os bancos e advogados". Segundo Marcos da Rosa, as instituições financeiras, que possuem maior volume em dívidas manipulam os Planos e os tornam inviáveis para os pequenos credores.

Além do Independência, outras empresas frigoríficas que também conseguiram aprovar o Plano de Recuperação, não cumprem os acordos firmados no documento. O advogado da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Armando Biancardini revela que os grupos Arantes e Quatro Marcos também estão com os pagamentos suspensos. "Com exceção do Frialto que ainda está dentro do prazo para efetivar o Plano, os demais não pagaram o que ficou acordado. Não vamos dar Salvo Conduto para estas empresas. É preferível a falência".

O superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, afirma que a contraproposta feita é na verdade um pedido de perdão de dívida, e que isso a entidade não vai aceitar. "A Acrimat não pode interferir, mas os associados terão nosso apoio com relação à falência". O presidente da Comissão da Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Manoel Caixeta Haum acredita que não haverá mudanças na proposta apresentada nesta terça (15) e que, assim como em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, os pecuaristas preferem a extinção da empresa.


Marcos da Rosa cita o caso de um produtor do Estado que tinha um saldo de R$ 9,5 milhões com o Independência, dos quais R$ 100 mil foram pagos após a aprovação do Plano e depois mais 6 parcelas de R$ 240 mil. Agora, afirma Marcos, ele vai amargar uma perda de R$ 8 milhões. O pecuarista ainda exemplifica os reflexos dos fechamentos das indústrias e do descumprimento dos acordos com Canarana, que teve o movimento financeiro reduzido em 30%, em consequência tanto do prejuízo dos pecuaristas quanto pelo desemprego gerado.

Compromisso - O Plano de Recuperação Judicial aprovado pelos credores do Independência previa o compromisso de pagar os credores com até R$ 100 mil e a dívida remanescente seria liquidada em 24 parcelas, sendo a última referente a 35% do valor total. Com o pagamento dos R$ 100 mil por Cadastro de Pessoa Física (CPF), 75% dos pecuaristas foram pagos. Os demais, que tinham maior volume a receber, não foram contemplados até o momento.

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