CI

Indústria de cana crê em recuperar o tempo perdido

O processamento de cana no centro-sul está atrasado


SÃO PAULO  (Reuters) - A indústria de cana do centro-sul do Brasil, região que responde por cerca de 90 por cento da matéria-prima para a produção de açúcar e etanol no país, avalia que tem capacidade de recuperar o atraso na moagem até o final da temporada 2012/13, disse um representante da Unica, a entidade que reúne as empresas do setor.

O processamento de cana no centro-sul está atrasado na comparação com o mesmo período do ano passado, em parte pelas intensas chuvas que atingiram a região, acumulando ao final de junho uma queda de 28 por cento na comparação com 2011/12, de acordo com o mais recente dado da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

A primeira quinzena deste mês também foi mais chuvosa do que o normal no maior produtor global de açúcar.

"Até agora não temos apontamento completo que mostre isso (que o setor não conseguirá atingir a meta de moagem). Por enquanto, trabalhamos com a hipótese de, ao utilizar a capacidade instalada, conseguir recuperar o tempo perdido e colher a cana que está no campo", declarou nesta segunda-feira (23) Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto, situada na mais importante região produtora de São Paulo.

Alguns especialistas expressaram recentemente a preocupação de que, com o atraso na moagem e com uma eventual ocorrência de chuvas mais intensas ao final do ano, não será possível atingir a projeção de processamento --de 509 milhões de toneladas de cana, pela Unica--, e o setor no centro-sul acabaria deixando uma parte do volume para ser colhido na safra seguinte.

"A questão fundamental é intensificar a colheita e conseguir tirar do campo tudo o que podemos ter", disse Prado, em entrevista à Reuters.

A capacidade ociosa da indústria do centro-sul é de 150 milhões de toneladas, segundo o representante da Unica, o que em tese também ajuda o setor no cumprimento da estimativa.

As usinas, pelo menos nesta semana, deverão conseguir acelerar os trabalhos, já que a previsão meteorológica indica poucas chuvas nas principais áreas produtoras, segundo a Somar Meteorologia.

PRÓS E CONTRAS

As chuvas em semanas anteriores, por outro lado, beneficiaram algumas lavouras que ainda não estavam prontas para ser colhidas, o que deverá se refletir em uma produtividade agrícola maior no terceiro terço da safra.

"Na prática, o que posso dizer é que terá uma ATR (Açúcares Totais Recuperáveis, indicador da qualidade da cana) menor em função da umidade. Mas por outro lado pode ter uma produtividade maior, o que compensa em volume de cana o que perde de qualidade", disse Prado.

"Há uma concordância entre os produtores que isso pode acontecer, mas ainda é cedo para precisar o dado", disse ele, acrescentando que se for feita uma reformulação da previsão da Unica isso será levado em conta.

Prado disse não poder comentar previsão da Copersucar, que reúne muitas das associadas da Unica, de que uma temporada mais chuvosa resultará em mais etanol do que o previsto, ao mesmo tempo em que menos açúcar que o esperado.

A previsão de produção de açúcar no centro-sul do Brasil foi estimada na semana passada pelo diretor presidente da Copersucar, Paulo Roberto de Souza, em 30,5 milhões de toneladas, ante 32 milhões inicialmente.

A Copersucar, maior comercializadora brasileira de açúcar e etanol, que reúne 48 usinas, projetou a produção de etanol da região em 21,5 bilhões de litros, ante 20 bilhões de litros anteriormente.

A Unica informou ainda, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não há data para a divulgação dos dados quinzenais de moagem referentes à primeira parte de julho.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.