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Indústria de massas e pães cresce na pandemia

Setor tem bom desempenho por oferecer alimentos acessíveis ao bolso das famílias


Foto: Pixabay

A indústria de biscoitos, massas alimentícias, pães e bolos industrializados comemora os bons resultados em 2020. Mesmo na pandemia o faturamento subiu 9% e alcançou os R$ 40 bilhões. Foram 3,5 milhões de toneladas em volume de vendas, 6% a mais que o ano anterior.

Os dados foram levantados pela consultoria Nielsen e divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi). Entre os fatores que elevaram este segmento está o fato de serem alimentos acessíveis a uma grande parte das famílias e a liberação do auxílio emergencial.

O resultado foi impulsionado principalmente pelo primeiro semestre de 2020. Só no 1º quadrimestre do ano passado, os segmentos movimentaram R$ 9,6 bilhões, 5% acima do valor alcançado no mesmo período do ano anterior (R$ 9,1 bilhões).

"Entre março e abril os carrinhos ficaram mais cheios. As pessoas estocaram comida com medo do desabastecimento e passaram a fazer o maior número de refeições em casa, em virtude das medidas de distanciamento social para controle da covid-19.", observa Claudio Zanão, presidente-executivo da Abimapi.

Desempenho por produtos

O melhor desempenho foi notado no setor de massas alimentícias que registrou aumento de 14% em faturamento e 6% em volume de vendas, quando comparados com os valores de 2019, atingindo R$ 11,2 bilhões e 1,3 milhão de toneladas, respectivamente.  A indústria de biscoitos que atingiu R$ 20 bilhões e 1,5 milhão de toneladas de produtos, aumento de 6% em faturamento e 2% em volume de vendas na comparação com 2019. Já os pães movimentaram um total de R$ 9,2 bilhões, receita 11% a mais que em 2019 resultante da venda de 652 mil toneladas de produtos, com crescimento de 12%.

Mercado internacional e custos de produção

O mercado internacional também ficou aquecido no ano passado. A crise provocou alta demanda por produtos de primeira ordem na alimentação como farinhas, misturas, macarrão, massas instantâneas, pão de forma, além de alimentos congelados, tendo como destino principal os países da América do Sul.

Juntos, os segmentos alcançaram o número de USD 196,3 milhões em exportações no ano passado. No total, houve 15% de crescimento em valor, quando comparado com o fechamento de 2019 (USD 171 milhões). Em volume, o aumento foi significativo (52%), somando 158 mil toneladas de produtos vendidos ao exterior.

Massas alimentícias foi a categoria que mais se destacou com um aumento expressivo de 159% em faturamento, totalizando USD 24,3 milhões e 29 mil toneladas em volume, 247% a mais que no mesmo período de 2019.

Mesmo com o crescimento das categorias, o setor enfrenta a dificuldade de reajuste de preço em meio a um cenário de recessão econômica. A desvalorização do dólar ante o real e a entressafra na produção nacional do trigo levou ao aumento do custo da farinha de trigo. 

"Diante de um ano atípico, a matéria-prima atingiu valores históricos em plena colheita, os produtores de trigo vêm negociando a safra atual com uma margem de lucro muito acima da média histórica o que retraiu as negociações no mercado da farinha, em um cenário em que os reajustes nas precificações são imprescindíveis", comenta Zanão.

Nas massas, em média, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, em média, o peso é de 30%, e nos pães e bolos industrializados, em média, de 60%. Sendo assim, qualquer variação no preço do trigo tem impacto direto para os fabricantes.

"Para frear o impacto dessa mudança de consumo, muitos fabricantes estão com um estoque maior de trigo e produto acabado, além disso, numa tentativa de manter preço atraente ao consumidor, as empresas estão mudando o portifólio, apostando nas embalagens mais econômicas e produtos com maior giro na gôndola", completa Zanão.

O repasse aos custos já foi iniciado no início deste ano com um reajuste médio de 2% a 3%. De todo modo, este aumento tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final.

Projeção para 2021

Para este ano, o fator que deve ser determinante para o crescimento contínuo das vendas de derivados de trigo é a prorrogação do programa Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda do governo federal. Outro ponto é a aceleração da alta do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e a dificuldade financeira das empresas que fizeram com que um quarto dos reajustes salariais em 2020 ficasse abaixo da inflação.

"Em 2021, o INPC continua elevado o que fará com que busquemos novas estratégias de negociação juntamente com as entidades laborais, sempre com foco na manutenção de emprego e renda do setor", avalia Zanão.

A expectativa para este ano é alcançar um crescimento de 3% a 5% em faturamento. No mercado externo a ideia é sustentar o crescimento e projeta-se alta de 10%. 

"Manteremos um cuidadoso olhar para a China, entre os mercados-alvo de nosso setor no exterior. Devemos acompanhar o crescimento previsto pelo PIB Chinês de 8,2% em 2021, sustentando um substancial aumento das exportações brasileiras ao país em 2020", conclui Zanão.

Em 2020 as exportações brasileiras cresceram 120% em valor para a China frente a 2019 - o destino subiu 13 posições e passou a figurar entre os 30 principais do setor no exterior, o segundo no continente asiático atrás apenas do Japão.
 

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