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Indústria quer repassar alta do café ao varejo

A indústria vai negociar com o setor varejista o repasse no aumento do preço


A indústria de café vai negociar com o setor varejista o repasse do aumento do preço pago ao produtor verificado desde setembro. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) enviará nesta segunda-feira aos supermercados uma carta, obtida com exclusividade por este jornal, informando que as cotações do produto subiram entre 9% e 16% em média. Com isso, as torrefadoras precisam revisá-las em curto prazo.

O diretor-executivo da Abic, Nathan Herszkowicz, diz existir uma defasagem média de R$ 1 por quilo. "Vamos negociar o repasse da defasagem entre 10% e 15% com o varejo e talvez a alta chegue ao consumidor a partir de dezembro’’, diz.

De acordo com a carta da Abic, o aumento dos preços na indústria ocorre por uma conjunção de fatores, tais como a redução contínua dos estoques físicos tanto no mercado interno quanto no externo e o amplo financiamento para estocagem do grão. Segundo o documento, os cafeicultores e outros agentes já fizeram empréstimos de R$ 2,5 bilhões para esta finalidade, valor antes nunca alcançado e suficiente para estocar mais de 9 milhões de sacas da safra atual de 41,6 milhões de sacas.

Além disso, a carta da Abic destaca a redução dos volumes dos leilões mensais para venda dos estoques oficiais e as cotações firmes no mercado mundial. Acrescenta-se a isso, previsão da próxima safra brasileira ser menor que a atual. O presidente da Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa), presidente Wilson José de Oliveira, estima para a próxima safra uma colheita nacional entre 40% e 50% menor do que a atual, em razão da bianualidade do café e de uma florada abaixo do esperado, que foi prejudicada pelo clima desfavorável no decorrer deste ano.

Segundo Herszkowicz, os estoques das torrefadoras hoje já são um dos mais baixos entre outros setores econômicos. "A indústria brasileira está com estoques de uma semana, o equivalente a 1 milhão de sacas. Mas o desejável é um estoque para 10 semanas’’, diz Herszkowicz.

Estocagem

O presidente da Acarpa confirma que em Minas Gerais, maior produtor de café do Brasil, os cafeicultores estão retendo parte da produção na expectativa de o preço subir mais que os patamares atuais. "Graças aos recursos do governo para estocagem os preços estão melhorando, pois o produtor tem recursos para segurar o café e esperar vendê-lo em ocasiões melhores", diz Oliveira.

Desde setembro, os cafeicultores de Patrocínio já obtiveram um ganho médio entre 17% e 20% nos preços do produto, que saíram de R$ 225 a R$ 230 a saca na região para R$ 270 a saca - maior patamar desde abril. No entanto, de acordo com a Acarpa, as cotações ainda estão aquém do valor histórico obtido nos últimos 10 anos, ocasião em que o preço ficou entre R$ 300 e R$ 320 a saca.

Para a indústria, segundo a Abic, o café arábica tipo 6 - mais comum - saiu de R$ 241 a saca em setembro, para R$ 265 a saca (variação de 9,9%). No mesmo período, o preço do café conilon tipo 8 subiu de R$ 177 a saca para R$ 205 a saca (alta de 15,8%). Herszkowicz acredita que até março, antes do início da próxima colheita, pelo menos, os industriais devem contar com preços em elevação.

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