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Indústrias de soja atrasam a retomada das atividades


Falta de matéria-prima e chuvas impedem reinício da produção. A retomada do esmagamento de soja no Brasil está atrasada. Algumas indústrias que ficaram paralisadas durante 30 dias para manutenção das máquinas ainda não retomaram as operações por falta de matéria-prima. "Historicamente nós paramos entre 20 de dezembro e 20 de janeiro. Neste ano, ainda não conseguimos voltar, pois as entregas de soja são muito pequenas e não vale a pena abrir a fábrica para esmagar tão pouco", afirma Weslley Sousa Resende, diretor de commoditties da Caramuru, uma das maiores processadoras de soja no País.

É a maior paralisação das indústrias esmagadoras de soja, neste momento de pico de entressafra, dos últimos seis anos. Em São Paulo, por exemplo, das nove unidades processadoras que atuam no estado, sete estão com atividades paralisadas. No Paraná, um dos principais estados produtores, cerca de 80% da indústrias não estão em operação.

O motivo para tal cenário é uma disponibilidade menor de soja no pico da entressafra, dado que as exportações ao longo do ano passado estiveram aquecidas, reduzindo a oferta no período de entressafra. A perspectiva é de que as atividades deverão voltar ao ritmo normal apenas no final da primeira quinzena de fevereiro, quando as primeiras lavouras começam a ser colhidas.

As recentes chuvas que atingiram as regiões produtoras atrasaram a colheita, já que as máquinas não conseguem ir para o campo. "Esperávamos pela colheita da safra de soja precoce, mas as chuvas estão atrapalhando muito. Só vamos conseguir voltar quando a colheita começar", afirma Resende. No Brasil, a soja precoce começa a ser colhida na primeira quinzena de janeiro, enquanto o forte da produção nacional sai das lavouras a partir da segunda quinzena de fevereiro e início de março.

Chuvas intensas

A própria Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) reconhece que as chuvas intensas podem causar atraso na colheita e consequentemente afetar o esmagamento. A entidade prevê que a entressafra desse ano possa se prorrogar por pelo menos 15 dias.

Se por um lado as indústrias privadas encontram dificuldades em obter soja em grão para processar na entressafra, as esmagadoras das cooperativas do Paraná praticamente não pararam. "As cooperativas tiveram uma disponibilidade maior de soja, já que os produtores retiveram seus produtos nas cooperativas de cada região", afirma Flávio Turra, técnico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar).

Forte demanda

O técnico paranaense informa que é comum as indústrias suspenderem suas atividades entre 20 e 30 dias, mas que as cooperativas tiveram forte demanda. "A Cooperativa Agropecuária Morãoense (Coamo), por exemplo, arrendou três indústrias para atender os pedidos que teve no período", afirma Flavio Turra.

Apesar do atraso em janeiro, em dezembro do ano passado foi observado que algumas indústrias prolongaram suas ati-vidades. "O prêmio para o farelo de soja estava maior no final do ano, o que motivou as indústrias a estenderem o esmagamento", afirma Vânia Guimarães, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq).

Segundo a pesquisadora, em 2001 muitas indústrias encerraram suas atividades no final da primeira quinzena de dezembro, mas que no ano passado esse prazo foi prorrogado. "Acredito que os volumes de farelo embarcados no final do ano foram maiores que em 2001", afirma Vânia. Dados da Abiove indicam que o esmagamento de soja em dezembro é o maior desde 1989 e atingiu no mês passado 1,6 milhão de toneladas.

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