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Indústrias de tanques lucram com leite



Com as novas regras do setor, pecuaristas vão ter de resfriar o produto na própria fazenda. As novas regras para a qualidade do leite, estabelecidas pelo Ministério da Agricultura no início de setembro, já estão beneficiando as indústrias fabricantes de tanques refrigeradores. Com a exigência de resfriar o leite na própria fazenda, os pecuaristas já estão cotando os preços dos tanques no mercado. A expectativa das indústrias é de que as vendas de tanques somem 7 mil unidades este ano, um volume 16% maior sobre os negócios fechados em 2001. O faturamento pode atingir R$ 50 milhões, valor 19% maior sobre o movimentado no ano passado, de R$ 42 milhões. Pelas novas regras, os produtores têm até 2005 para se adaptarem às exigências. Além do resfriamento do leite na fazenda, o produto deve ser enviado para os laticínios em caminhões isotérmicos e não mais em latões. "Isso vai garantir qualidade ao consumidor final e reduzir o volume do leite produzido de forma inadequada", afirma Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil, entidade que representa os produtores do Brasil. Crise A recuperação das vendas das indústria de tanques acontece depois de uma crise desencadeada em toda a cadeia leiteira do Brasil. No ano passado, os preços do leite despencaram por conta do excesso de oferta no mercado interno. "A crise da indústria de tanques é reflexo do setor. O que acontece em um acaba impactando no outro", afirma Fabiano Amaro, presidente do comitê de equipamentos do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite. Segundo Amaro, além da crise do leite, o racionamento de energia também desestimulou a compra de tanques de resfriamento, o que também contribuiu para a queda de 65% na arrecadação no ano passado. Em 2000, o setor comercializou R$ 120 milhões com a venda de 14 mil tanques. Em 2001, valor caiu para R$ 42 milhões, um recuo de 65%. O Brasil produz em média 21 bilhões de litros por ano, dos quais 38% são do mercado informal. "Cerca de 13 bilhões de litros passam por inspeção, e desse total, 70% são resfriados na própria fazenda", diz Rubez, da Leite Brasil. Rubez ressalta que qualquer processo que altere a forma de produção implica em aumento de custos ao produtor. "Isso é necessário. Ou há uma adaptação por parte do produtor ou ele perderá parte do mercado", diz. Estratégia do setor De olho no aumento da demanda por tanques, algumas indústrias do setor começam a rever planos e traçar novas estratégias. A DeLaval, empresa controlada pelo grupo Tetra Laval, concluiu no início deste ano a ampliação de sua fábrica em Campinas (SP). "Ainda é cedo para esperar um aumento das vendas de tanques, mas a medida anunciada pelo governo provoca um impacto psicológico nos produtores e laticínios", afirma Wilson Zampini, presidente da DeLaval. Aumento da produção De acordo com Zampini, a fábrica de Campinas produz entre 150 e 200 tanques por mês, mas tem capacidade para atingir 300 unidades sem alteração no turno dos funcionários. "A unidade opera para atender o mercado brasileiro e o da América do Sul ", afirma Zampini, ao informar que os preços dos tanques variam de R$ 6 mil a R$ 70 mil, de acordo com a capacidade de resfriamento. Apesar da expectativa de crescimento, Amaro afirma que o volume de 14 mil unidades vendido em 2000 deverá se repetir apenas em 2005, ano em que as normas serão obrigatórias. "O crescimento acontecerá de forma gradual e não acredito no surgimento de novas empresas nesse setor. O mais provável é que as que existem se enquadrem às normas de produção de tanques criadas este ano." No Brasil, há atualmente 11 indústrias fabricantes de tanques, segundo Amaro. Em 1999, havia 22 indústrias no setor.

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