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Inflação no campo afeta custo de vida

Os preços agrícolas mais altos fizeram algumas consultorias revisarem suas projeções de inflação


Alta das cotações agrícolas leva à revisão das projeções dos índices de preços. Os preços agrícolas mais altos fizeram algumas consultorias revisarem suas projeções de inflação. Entre os 10 principais produtos do campo, apenas três não tiveram cotações mais elevadas no acumulado do ano. As maiores altas foram registradas para a batata (110%) e o feijão (96%). A alimentação representa cerca de 20% da inflação.

Apesar de projeções mais altas que as estimadas no início do ano, o comportamento do consumidor - que substituiu alimentos - fez com que os números não ficassem ainda maiores. No "olho do furacão" muitas consultorias chegaram a revisar muito mais para cima seus índices do que os projetados agora. A RC Consultores esperava, no início do ano, um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4% - chegou a prever 4,5% - e hoje projeta 4,3%. Por sua vez, a LCA passou de 3,4% para os atuais 3,9% - mas chegou a projetar 4% para o índice. Os números do ano que vem também revistos para cima pelas consultorias, com base nos valores de 2007.

"Nos últimos quatro meses os preços da alimentação subiram, depois de dois anos ajudando a controlar a inflação", afirma Raphael Castro, economista da LCA. Ele lembra que apesar de o consumidor fazer substituições, não tem como cortar muito os custos de alimentação porque é um bem essencial.

Segundo ele, parte da alta começou no final do ano passado em virtude de um cenário externo de cotações mais elevadas para as commodities. "O aumento do preço é reflexo lá de fora, mas também de conjunturas internas", lembra o economista Fábio Silveira, da RC Consultores. Na sua avaliação, os índices ao consumidor ainda terão alta nos próximos meses refletindo os índices do campo.

O superintentende-técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta Ferreira, diz que o consumidor não pode esquecer que o cenário externo tem outros patamares para os preços mundiais, citando a soja a US$ 10 o bushel - para média histórica de US$ 6 o bushel - o milho a US$ 4 o bushel - ante à US$ 2,5 o bushel - e o leite em pó a US$ 5,3 mil a tonelada - quando a média era de US$ 2,5 mil a tonelada. Segundo ele, fatores climáticos e a questão da bioenergia contribuíram para esta mudança. "Mas a valorização do real contribuiu para que a alta internacional não fosse tão forte no mercado domestico", avalia. Ele acrescenta ainda que desde o Plano Real - julho de 1994 - até agora o IPCA acumula alta de 212% e nenhum produto agrícola registrou incremento nesta ordem. "Não se pode pensar apenas nos últimos três meses", conclui.

Entre os produtos agrícolas com maior valorização neste ano foi a batata. Silveira lembra que por problemas climáticos, os hortifrutis sempre são muito voláteis. Outro campeão em preços altos foi o feijão. Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, explica que a safra menor explicaria parte da alta. No entanto, segundo ele, o que mais provocou a variação foi a diferença entre as três colheitas - a primeira, mais elevada, derrubou os preços, deixando as duas seguintes menores.

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