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Início da primavera deve ter chuvas mais frequentes

Redução das chuvas pode iniciar tanto em outubro, quanto novembro


Foto: Pixabay

A configuração das chuvas em julho mudou bastante, deixando o Estado dividido entre a parte em que choveu e a parte onde praticamente não choveu . A Fronteira Oeste foi a regional do Irga com menor precipitação acumulada, no máximo 50mm . Porém, a anomalia de precipitação foi negativa em todas as regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul (RS) com déficit de precipitação entre -50 e -100mm. Isto gera apreensão por parte dos orizicultores, visto que os reservatórios não estão com a capacidade máxima para a safra que se inicia.

Os sistemas meteorológicos que geraram chuva ficaram concentrados na metade Norte do RS, onde a precipitação ficou acima da média , com acumulados que passaram dos 400mm em alguns municípios. A temperatura média do ar ficou abaixo da Normal Climatológica durante o mês de julho, com anomalias entre -1,0 e -2,0 °C na maioria das regiões do RS.

Situação atual do fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul) e perspectivas

O Oceano Pacífico Equatorial continua em processo de resfriamento. A anomalia da temperatura na região Niño3.4 no trimestre maio, junho e julho foi de -0,2 °C, ou seja, ainda não chegou ao limiar da Niña, que é -0,5 °C. Na média de julho, a anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) ficou mais negativa na região Niño1+2, que é justamente a que proporciona maior regularidade e abrangência das chuvas no RS.

A resposta dessa região do Pacífico com a chuvas no Sul do Brasil é mais direta e rápida, quando comparada à resposta da região Niño3.4, que é a que definirá se a La Niña se estabelecerá, ou não. A anomalia na região Niño1+2 ficou em -1,2 °C em julho, o que pode explicar a redução das chuvas desde meados de julho, até agora em agosto.

Com relação à temperatura das águas no Oceano Atlântico Sul, pode-se dizer que estão em normalidade, com tendência de aquecimento. Porém, este aquecimento ainda está ao Sul do Estado em pequena área.

O resfriamento em superfície é resposta do resfriamento das águas abaixo do nível do mar, que teve algumas oscilações nos meses de maio a agosto . Em agosto, as águas subsuperficiais voltaram a se resfriar com maior intensidade.

O IRI (International Research Institute for Climate and Society), da Universidade de Columbia nos Estados Unidos, em relatório divulgado no dia 13 de agosto, prevê para o trimestre setembro,outubro e novembro, 60% de chance de a La Niña se formar.

O percentual aumentou em relação ao mês passado, mas, independentemente da configuração da La Niña, ou não, o que se sabe é que a atmosfera já parece estar sob efeito da mesma, pois se observa que as frentes frias, quando passam pelo RS, têm desviado para o Oceano. Isto pode ser efeito imediato do resfriamento mais acentuado na região 1+2, e que pode mudar no próximo mês, pois oscilações acontecem. Porém, fica o alerta de que a safra 2020/2021 poderá ser similar à 2019/2020, com estiagem generalizada na maioria das regiões orizícolas.

A NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) continua com o status de La Niña Watch, que nada mais é do que um aviso de que a chance de a La Niña se desenvolver é maior do que a chance combinada de Neutralidade + El Niño. Já o Centro Australiano de Meteorologia mudou o status de Watch para Alerta de La Niña, porque embora as condições ainda sejam de neutralidade, a chance de formação de La Niña nos próximos meses aumentou para cerca de 70%. Eles alertam ainda, que esse status não garante que a La Niña se formará, sendo apenas um indicativo de que a maioria dos precursores típicos do fenômeno já existe. Por isso, o monitoramento se faz necessário e é importante.

Assim, o que se tem de fato até o momento é uma atmosfera Neutra, com viés negativo, e que dá indícios de que está respondendo como La Niña em alguns períodos. No entanto, uma ressalva é feita aqui, a Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) está em sua fase negativa desde outubro de 2019. Quando se tem ambos, ODP e ENOS (El Niño-Oscilação Sul) na fase negativa, os efeitos de uma possível La Niña podem ser amplificados, mesmo que ela venha a ser de intensidade fraca ou, até mesmo, nem ocorra nesta safra.

Previsão para a precipitação no trimestre setembro, outubro e novembro de 2020

Os primeiros 20 dias de agosto tiveram um padrão muito similar ao de julho, com as chuvas ocorrendo em maiores volumes na metade Norte do RS. Para os últimos 10 dias de agosto e início de setembro, o padrão parece mudar novamente, em um período com precipitações mais frequentes. Os modelos numéricos sugerem um padrão muito parecido com o do ano passado, com chuvas mais frequentes no início da primavera e diminuindo em novembro.

Setembro: com a aproximação da primavera, as precipitações deverão ocorrer de forma mais frequente e volumosa. Os mapas das normais climatológicas de setembro e outubro mostram que o volume de precipitação é maior nesses meses. As simulações indicam precipitações acima da média para setembro, entre +20 e +30mm, que devem abranger a maioria das regiões do RS.
Outubro: as previsões indicam precipitações superiores à média climatológica na maior parte do Estado, com anomalias entre +30 e +60mm.

Novembro: neste período é normal as chuvas migrarem para as regiões Sudeste e Centro Oeste do Brasil, diminuindo no RS. As projeções indicam chuvas abaixo da média para o mês de novembro.

A redução das chuvas pode iniciar tanto em outubro, quanto novembro. Sabe-se que a atmosfera não funciona como um relógio, podendo ocorrer variações nas previsões, o que é normal.

Outra ressalva é que, como a atmosfera está entrando em um período frio (com possibilidade de La Niña), é comum ter frio tardio (setembro), e isso inclui eventual formação de geada. Claro que, quanto mais se avançar a primavera, menores são as chances disso ocorrer.

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