Início da safra de cana em Alagoas terá um mês de atraso
Em vez de setembro, como acontece geralmente, a colheita deve se iniciar em outubro, afirma o presidente da Unida
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A safra de cana–de–açúcar 2005/06 em Alagoas terá início com um mês de atraso. Em vez de setembro, como acontece geralmente, a colheita deve se iniciar em outubro, afirma o presidente da União Nordestina de Produtores de cana (Unida), o alagoano Edgar Antunes.
Esse atraso, segundo Antunes, é explicado pela escassez de chuvas entre setembro do ano passado e fevereiro deste ano. Sem água na quantidade certa, os fornecedores estão observando um desenvolvimento mais lento do canavial. E em muitos casos, as perdas já comprometeram a produção. A previsão dos técnicos da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), é de que haja uma redução de 20% na safra 2005/2006.
Na safra passada, o estado colheu cerca de 26 milhões de toneladas de cana, somente os fornecedores produziram 8,8 milhões de toneladas. Com a confirmação da redução, a produção dos fornecedores deve cair para algo em torno de 7 milhões de toneladas. E nem as chuvas que caíram nos últimos meses animaram os fornecedores. "Ainda é muito cedo pra dizer se essa chuva vai trazer alguma melhoria na previsão, mas o que se vê nos canaviais é uma cana muito curta, o que indica que será preciso mais tempo até a colheita", diz Antunes.
Estiagem:
A perspectiva é ainda pior na opinião do diretor técnico da Asplana, Antônio Rosário. Ele explica que nos meses de julho e agosto, a tendência é de redução de chuvas, e aí o quadro se agravaria. "Para os pequenos fornecedores, principalmente, a situação é de desespero. Quem plantou mil hectares, por exemplo, e perdeu a socaria, teve de plantar outros quinhentos hectares para compensar", afirma. No caso dos que perderam tudo, o custo de implantação chega a R$ 2600 por hectare. "Dessa forma ele ( o fornecedor) aumentou os custos, mas caiu em outro problema: o preço defasado. É prejuízo mesmo".
Antunes confirma a defasagem nos preços pagos aos fornecedores. "A situação é muito difícil, na safra passada tivemos uma remuneração de R$ 35 por tonelada, e este ano caiu para R$ 31, mal dá para cobrir os custos de produção. Se continuar a tendência de queda nos preços, vai ser a pá de cal para o fornecedor", enfatiza Antunes.
Equalização:
Além disso, os fornecedores reclamam do atraso nos recursos do Programa de equalização dos custos da Cana–de–açúcar. O dinheiro que serve para compensar os custos de produção mais altos no Nordeste em relação ao Centro–sul, cerca de R$ 820 milhões de reais, continuam contingenciados pelo governo federal. Deste total, R$ 400 milhões seriam para Alagoas.
Nesta terça–feira (19-07), Antunes e diretores da Unida foram a Brasília se reunir com o presidente do Senado, Renan Calheiros. Além de pedir o apoio político do senador alagoano para a liberação dos recursos da equalização da cana, eles pretendem agendar uma reunião com a nova ministra–chefe da casa civil, Dilma Roussef.
Com a ministra, Antunes vai tentar acelerar o processo para a divulgação do relatório do Grupo de Trabalho Interministerial, que em março esteve em Alagoas. O relatório, com a avaliação do setor sucroalcooleiro do Nordeste, deveria ser entregue no fim de junho. "Esse encontro com a ministra vai ser fundamental, por que poderemos saber qual é a posição dela com relação a essa questão", afirma Edgar.